INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E E-LEARNING EM TEMPOS DE PANDEMIA: DESAFIOS, OPORTUNIDADES E COMPROMISSOS

Brunno José Fagundes, Danielli Cossul, Rejane Frozza

Resumo


O início dos anos 2000 é marcado pela pandemia da Covid-19, o que requer a reconfiguração dos modelos tradicionais de socialização e de educação. Nesse cenário marcado por desafios, técnicas de inteligência artificial e e-learning elucidam novas perspectivas em ensino-aprendizagem. Este estudo é exploratório e de caráter descritivo. O seu desenvolvimento é um exemplo prático que demonstra o uso da tecnologia como possibilidade de suporte e mediação no processo de construção do conhecimento. De forma contínua, é realizado o aperfeiçoamento do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) personalizado, no qual está inserida a Agente Pedagógica Dóris. Essa agente é do tipo chatbot (conversacional), que interage com usuários via linguagem natural, voz e texto, com a capacidade de expressar emoções de tristeza, alegria, surpresa, indignação, expectativa, atenção e neutra. Sua função na interação com os usuários é auxiliá-los em relação ao conteúdo apresentado e durante a exploração da plataforma educativa. Destaca-se a emoção como parte constituinte do indivíduo, não existindo, assim, uma única pessoa que não a tenha experienciado, pois essa engloba desde a dimensão mental e psíquica do sujeito, até os aspectos físicos e comportamentais. O objetivo deste estudo é analisar as implicações da atuação da Dóris durante a interação dos estudantes com o AVA personalizado. Como metodologia, o software Face Reader foi utilizado para reconhecer as expressões faciais e o disposto Eye Tracker, para rastrear o foco visual, isto é, os locais na tela e períodos de atenção. A avaliação comportamental de 41 usuários elucida que a participação da Dóris, durante o processo de construção do conhecimento, demonstrou ser motivacional. Suas ações inteligentes, as quais assemelham-se à interação humana, contribuem para a efetiva participação do estudante, uma vez que esse permanece atento ao que é proposto. Nesse sentido, a Dóris é compreendida como tecnologia complementar, capacitada para mediar a separação espacial entre estudante e professor, proporcionando o acompanhamento e incentivo do processo de ensino-aprendizagem. Seguindo nessa mesma linha, testagens realizadas para análise do AVA, utilizando a Dóris e as ferramentas de observação, elucidam que as interações realizadas pela agente retiveram a atenção dos usuários e despertaram o interesse de comunicação entre o usuário e o ambiente. Observou-se também, que as emoções expressas pela agente Dóris durante os diálogos e interações com o AVA foram percebidas pelos usuários que responderam com reações diversas a estas expressões. Ainda que de forma sutil, a agente Dóris, em algumas interações, reteve o foco do usuário e dispersou a atenção ao conteúdo, o que sinaliza um cuidado necessário ao utilizar esses agentes. Compreende-se que processos humanos, afetivo-emocionais, merecem destaque em meio às tentativas de aprimorar as capacidades de construção e retenção de conhecimento. Nesse sentido, indo um pouco mais além, é possível observar que a interação entre o estudante e a Dóris tende a contribuir para a formação humana e vivencial do sujeito, uma vez que, o campo relacional do AVA como um todo, é permeado pelo uso e interpretação de emoções.

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ISSN 2764-2135