Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

O estudo a ser apresentado tem a intenção de demonstrar os resultados finais da pesquisa realizada para o Trabalho de Conclusão do Curso de História da UNISC, que explora o modo de ser Mbyá-Guarani por intermédio da sua musicalidade. O qual, objetivou analisar como a cosmovisão do grupo está relacionada ao universo musical Mbyá-Guarani, o que implica entender a relação de diversas categorias que constituem o modo de ser Mbyá-Guarani, como, espiritualidade, noções de saúde, construção do saber, o canto, a dança e a identidade étnica. A partir disso, percebeu-se que para entender como as significações entorno da musicalidade Mbyá-Guarani foram sendo construídas, a pensar que esses grupos resistem a muitos séculos de contato com não indígenas, foi relevante abordar de que maneira as temporalidades se constroem e estão presentes de variadas formas permeando tanto a História quanto a Antropologia. Para isso, como ferramentas teórico metodológicas valeu-se de uma revisão bibliográfica sobre o tema, que dimensionou as aproximações entre a História e Antropologia, constatando a centralidade que a musicalidade Mbyá-Guarani possui na constituição desse modo de ser, como um princípio vital de manutenção da vida terrena, relacionada sobretudo com a espiritualidade, reavivamento e ressignificação de algumas práticas tradicionais. Além disso, no decorrer da pesquisa foi possível analisar, em parte, de que forma a historiografia vem abordando a musicalidade indígena. Desse modo, foi possível identificar a invisibilidade indígena que se constituiu na História durante todo o século XIX, sendo que, na bibliografia analisada os autores vão expor que os registros a respeito dos muitos povos que habitavam o território brasileiro, especialmente  sobre a música, fizeram-se, em grande parte, no período colonial, através de relatos e crônicas da época.  Somente muito recentemente, em fins do século XX, que estudos tanto na área da História, com menor frequência, quanto na Antropologia, começam a ser produzidos. A pesquisa também expõe a correlação do universo musical e o modo de ser Mbyá-Guarani, que para além da constituição de práticas sociais, constituí um saber Mbyá-Guarani próprio, o saber individual, a produção da pessoa, dos corpos. E um saber coletivo, da espiritualidade, que protege e garante a sobrevivência do grupo que perpassam o canto e a dança, e formulam a identidade étnica Mbyá-Guarani. Os variados tempos que compõem o modo de ser Mbyá-Guarani constatados, demostraram que esses, enquanto sujeitos históricos não devem ser percebidos apenas em um processo progressivo, contidos em uma linearidade. Assim, buscou-se deixar uma contribuição para o campo do saber histórico que possui poucos estudos sobre temas semelhantes a esse, de forma a despertar outros questionamentos que permitam dar seguimento a pesquisas similares, aprofundando questões aqui abordadas delimitadas dentro uma revisão bibliográfica.