EDUCAR PARA PARTICIPAR: MULHERES AGRICULTORAS NO SINDICALISMO RURAL EM SANTA CRUZ DO SUL

Eduarda Thaís dos Santos, Cheron Zanini Moretti

Resumo


A segunda metade do século XX é marcada por lutas e resistências, assim como de conquistas de direitos envolvendo questões para a cidadania. A regulamentação dos sindicatos vem desde a da Era Vargas, com a criação no Ministério do Trabalho, em 1931. Mas, em 1964, existia uma repressão maior, por se tratar de um período ditatorial cívico militar, que restringia a plena associação de trabalhadores e trabalhadoras e limitava a participação das pessoas. A partir da implementação da Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, resultou na pressão por obtenção de direitos, no campo e na cidade, ampliando a formação de sindicatos, em particular, os sindicatos rurais, por aqueles sujeitos até então invisibilizados ou instrumentalizados pelos interesses dos grandes proprietários de terras. A partir desse contexto, buscamos compreender a relação entre a educação e a participação das mulheres no sindicalismo rural em Santa Cruz do Sul, identificando diferentes gerações de agricultoras que atuam na resistência e na luta por direitos. Apresentamos como metodologia e fonte de pesquisa uma revisão bibliográfica em torno do sindicalismo rural e da participação da mulher a partir de periódicos, teses e livros sobre o assunto tratado. É importante identificarmos que, a partir de meados da década de 1980, um número crescente de mulheres passou a se envolver em movimentos sindicais, além de movimentos de lutas por direitos e feminista. A análise das fontes utilizadas para este estudo mostra que o aumento da participação dessas mulheres resultou na busca por reconhecimento como trabalhadoras, tentando sempre sair da invisibilidade e exercer seus direitos, chamando atenção das demais. Devido a uma cultura patriarcal, enraizada em normas legais, a propriedade de terras era atribuída exclusivamente aos homens que também administravam todos seus recursos: naturais, materiais e econômicos. Ainda hoje, o movimento dos sindicatos rurais é formado majoritariamente por homens que têm o seu gênero vinculado aos trabalhos ditos ?pesados?, como a ?lida? que é associada ao uso da força, assim como as mulheres têm o seu gênero associado à realização desses trabalhos ?leves?, os trabalhos de cuidados, incluindo o entorno da casa. Nisso, as agricultoras tinham suas vozes silenciadas e direcionadas instantaneamente ao trabalho doméstico, ao matrimônio e à maternidade, além do ambiente rural que era visto como ?ajuda? ao marido. Este trabalho ainda está em fase inicial, e deverá contar com a participação de sindicalistas rurais, em sua próxima etapa. A discussão teórica enriqueceu e contribuiu para o desenvolvimento da exploração da temática da pesquisa, que compreende essa relação como forma de exercer a cidadania através da educação como emancipadora que desconstrói os valores culturais ligados ao seu gênero.

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ISSN 2764-2135