PANDEMIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: NOVOS MOVIMENTOS COM CRIANÇAS COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Alef Mainon de Azevedo Oliveira, Guilherme Eduardo Alexsander Gonçalves, Sâmara Bittencourt Berger

Resumo


O projeto de atividade física para autistas, que vem sendo trabalhado, desde 2014, na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), tem como enfoque, a partir da teoria da complexidade e da autopoiesis, o desenvolvimento neuro-psico-cognitivo-motor por intermédio da ludicidade e de desafios psicomotores e sócio-afetivos relacionais, que os façam descobrir e explorar diferentes formas de brincar. Poder usar a imaginação para criar, jogar e se expressar resulta em um novo olhar para enfrentar as situações cotidianas na família, na escola e na sociedade. Os participantes do projeto são crianças/adolescentes com diagnóstico de autismo dos municípios do Vale do Rio Pardo. O Transtorno do Espectro Autista/ TEA é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento infantil, é caracterizado por dificuldades na interação social, na pouca comunicação, comportamentos repetitivos, agressivos e interesses restritos, podendo apresentar, também, sensibilidades sensoriais, como hipersensibilidade. Nesse contexto, é possível trabalhar, pedagogicamente, a construção conjunta do conhecimento/subjetividade, incluindo seus familiares e materiais lúdicos em ambientes que favoreçam a estimulação e sensibilização corporal relacional, fazendo com que seus principais neurotransmissores sejam estimulados através do movimentar, brincar, do desafio e da solução de problema por meio da psicomotricidade relacional e através de exergames. A metodologia aplicada é a ativa e a psicomotora relacional com crianças diagnosticadas dentro dos transtornos do espectro autista, envolvendo seus familiares (pais, mães, irmãos, avós), desenvolvendo/ criando, assim, um vínculo afetivo e harmonioso. Em tempos de pandemia, o que poderia ser impossível se tornou possível. Vivemos em uma constante metamorfose, descobrindo e usando novas fontes para completar os desafios. Os encontros do projeto, antes, eram realizados presencialmente, em duas sessões semanais, compostas por circuitos de atividades psicomotoras relacionais, que aconteciam no ginásio pedagógico e no meio aquático(piscina), com duração de 60 minutos cada sessão. Em virtude da pandemia, a atividade foi adaptada para encontros virtuais na plataforma Google Meet, tornando-se um novo desafio às crianças e seus familiares. Nas sessões virtuais, o tempo de cada encontro ficou estipulado em 30 minutos, em virtude da intolerância dos participantes em ficarem focados muito tempo em frente à tela. Os encontros têm como objetivo promover habilidades motoras, como coordenação e percepções sinestésicas, entre outras, e também a socialização através das atividades virtuais, como: brincadeiras, dança, jogos educativos, exergames e criações. Nas atividades propostas, o indivíduo pode apresentar uma grande evolução na sua afetividade com seus familiares, autonomia, controle corporal e estabelecer laços de comunicação com as pessoas, espaços e objetos. Assim, tornou-se ainda mais possível fazer parte do processo de desenvolvimento de cada indivíduo, através de uma plataforma virtual, tendo manifestações diárias de crescimento em suas habilidades, no tempo de cada um. Essas mudanças se fortalecem através do suporte que a tecnologia nos propõe, e pela importância de poder ver o coleguinha, interagindo em atividades em forma de brincadeiras, vinculadas aos seus familiares, tornando possível uma vida social e familiar, sentindo-se pertencente ao grupo e sendo apoiados.

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ISSN 2764-2135