O COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL

Nadine Cauanne Baier, Eduarda Gerlach Priebe, Tainá Kruening, Jéssica Prudente

Resumo


A violência contra a mulher tem sido tema de muitos debates nos últimos anos devido a sua contínua presença no meio social. Essa forma específica de violência abarca diferentes classes sociais, religiões e culturas e, portanto, deve ser tratada como um fenômeno universal e um problema social, fruto de um sistema patriarcal. Percebe-se que discussões referentes a essa pauta têm se intensificado nas mídias em virtude do aumento de casos de violência durante o isolamento social. Portanto, objetiva-se apresentar brevemente a rede de proteção dirigida às mulheres no município de Santa Cruz do Sul (RS) e abordar, de forma mais detalhada, sobre o funcionamento do Escritório de Defesa da Mulher, um dos serviços ofertados e pouco conhecido pelos moradores da região. Este estudo, de cunho qualitativo e exploratório, foi proposto pela disciplina de Comunitária II. Realizou-se buscas em fontes de pesquisa primária a fim de obter maior entendimento sobre o tema e, posteriormente, a busca centralizou-se em coletar informações referentes a rede de proteção à mulher em Santa Cruz do Sul, para tanto houve uma pesquisa documental e, em acréscimo aos dados qualitativos, também foi realizado uma entrevista com a psicóloga do local. Como resultados obteve-se que a rede de proteção à mulher iniciou-se no município em 1994, com a criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e o Escritório de Defesa da Mulher. Atualmente, a rede também é composta por outros serviços, tais como a Delegacia da Mulher, a Patrulha Maria da Penha e o Judiciário. Observou-se que há um entrelaçamento entre os serviços disponíveis no município para as mulheres e uma preocupação em fornecer programas de apoio e de assistência. Porém, essa rede não se alastra de forma efetiva nos serviços de Atenção Primária à Saúde, local de muitas idas e vindas de mulheres vítimas de violência. No que tange especificamente ao Escritório de Defesa da Mulher, esse é destinado ao acolhimento das vítimas e ao direcionamento dessas para outros serviços do município. A psicóloga é responsável por realizar uma escuta e, após esse momento, a vítima passa a ser acompanhada pela equipe de proteção. Nos casos mais graves, passa a ser monitorada para sentir-se segura e para prevenir maiores danos, podendo, inclusive, ser encaminhada à casa de passagem - local sigiloso onde a vítima pode residir pelo período máximo de 120 dias. Além dos atendimentos, as coordenadoras procuram trabalhar a temática de prevenção da violência contra a mulher através de projetos e intervenções nos bairros da cidade. Entretanto, dificuldades também se fazem presentes: destaca-se que, em virtude da pandemia, alguns programas foram interrompidos e houve a necessidade de implementar um novo projeto, denominado Tele Escuta, que se propõe a acompanhar usuárias do serviço através de ligações telefônicas. Desse modo, concluiu-se que, apesar das dificuldades, há notável empenho dos profissionais que atuam na rede de proteção às mulheres e há uma organização na gestão dos serviços. Através dos trabalhos realizados pelo Escritório em conjunto com os demais órgãos do município, percebeu-se uma conexão direta com os princípios de uma psicologia com viés comunitário que, prioritariamente, enfatiza a importância da união entre os serviços ofertados na e para a comunidade, bem como o desenvolvimento do pensamento crítico, da autonomia e do empoderamento que, nesse caso, volta-se principalmente ao público feminino.

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ISSN 2764-2135