REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DA EPISIOTOMIA E A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

ITAMAR MICAIL SANTANA DE FRAGA, Mari Ângela Gaedke

Resumo


Introdução: A episiotomia é definida como uma incisão cirúrgica no períneo, utilizada no período expulsivo do trabalho de parto com objetivo de redução de danos perineais. No entanto, trata-se de conduta utilizada de maneira rotineira, pois conforme recomendação da OMS, de 10% a 15% dos partos teriam real indicação, embora no Brasil a taxa média de realização é de 90% nos partos vaginais. Objetivo: Discutir o uso rotineiro da episiotomia e identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem, quando da sua prática, a partir de um estudo de caso. Metodologia: Estudo de caso realizado em Hospital de Ensino no interior do Rio Grande do Sul, vivenciado durante as aulas práticas de um curso de Graduação em Enfermagem. Os dados foram coletados mediante assistência a paciente e pesquisas em bases de dados foram feitas para fundamentação teórica. Resultados: Paciente de 35 anos, segunda gestação, havia realizado dez consultas de pré-natal iniciados no primeiro trimestre. No momento da avaliação, em sala de recuperação pós-parto, havia realizado parto vaginal com episiotomia médio lateral esquerda. RN nascido vivo a termo, APGAR 9/10, 48 cm, 2.910Kg. Mantinha sinais vitais estáveis, calma, lúcida, comunicativa, útero involuído, lóquios fisiológicos e episiotomia sem sinais de hematoma. Ainda que a Organização Mundial da Saúde, em suas diretrizes, enfatize boas práticas de atenção baseadas em evidências científicas e que o parto é um evento natural que não necessita de controle, mas de cuidados, o modelo de atenção ao parto vaginal no Brasil, de forma geral, tem sido medicalizado e o processo de parto e nascimento é frequentemente acompanhado do emprego de diversas intervenções, dentre elas, a episiotomia. O procedimento é muitas vezes realizado sem o consentimento da paciente, sem informar sobre possíveis indicações, benefícios e complicações, o que além das implicações cirúrgicas envolvidas na decisão, desrespeita o papel da mulher enquanto atuante no processo de escolha. Seu uso pode ser considerado em situações onde os benefícios superam os riscos. As novas evidências e diretrizes mundiais prezam pela decisão compartilhada e a indicação seletiva como pontos-chave na atuação multidisciplinar, visando melhor puerpério e recuperação da parturiente. Muitos estudos apontam que a episiotomia não cumpre a maioria dos objetivos pelos quais é justificada, isto é, não diminui o risco de lesões perineais severas, não previne o desenvolvimento de relaxamento pélvico e não tem impacto sob a morbimortalidade do recém-nascido. Além de ser apontada como fator de aumento de risco de traumas, infecções, hematomas e dor. Como diagnósticos de enfermagem, segundo a Taxionomia II do North American Nursing Diagnosis Association (NANDA-I) foram elencados: Conhecimento deficiente (00126) relacionado a conhecimento insuficiente sobre recursos evidenciados por conhecimento insuficiente. Risco de infecção no sítio cirúrgico (00266) relacionado a procedimento cirúrgico. Risco de sangramento (00206) relacionado ao conhecimento insuficiente sobre precauções de sangramento e complicações pós-parto. Considerações: Ressalta-se o papel do enfermeiro e demais membros da equipe de saúde em orientar sobre o procedimento, expor a necessidade ou não de sua realização, apresentar suas vantagens e desvantagens, além de envolver seu(sua) companheiro(a) no processo de cuidado, e ainda, se for desejo da gestante, incluir a episiotomia no seu plano de parto. 

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ISSN 2764-2135