USO DE FÁRMACOS NO PÓS-OPERATÓRIO DE TRATAMENTOS ENDODÔNTICOS NÃO CIRÚRGICOS
Resumo
Introdução: A contaminação microbiana da polpa dentária é a principal responsável pelos processos dentários agudos que provocam dor exacerbada. O tratamento endodôntico tem como objetivo sanificar, modelar e selar tridimensionalmente o sistema de canais radiculares. Durante e após esse processo, pode suceder a irritação dos tecidos periapicais, causando dor pós-operatória. Esta sintomatologia origina-se da inflamação dos tecidos periapicais, resultado de lesões químicas, mecânicas ou microbianas, decorrentes das diferentes etapas do tratamento endodôntico. Dessa forma, ela é considerada uma complicação comum em procedimentos endodônticos, com uma incidência relatada de 3% a 58% na população. Para cessar esse sintoma, o cirurgião-dentista deve prescrever ao paciente, fármacos de ação sistêmica, evitando quadros dolorosos indesejáveis. Objetivo: o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura, identificando a classe de fármacos mais indicada para o controle da dor no pós-operatório da terapia endodôntica não cirúrgica. Metodologia: o presente estudo é do tipo revisão de literatura e foi executado com o intuito de esclarecer o uso de fármacos durante o pós-operatório do tratamento endodôntico não cirúrgico. A revisão da literatura foi realizada através de artigos atuais, entre os anos de 2016 a 2020, nas bases de dados do PubMed, Scielo, e em jornais específicos da endodontia, considerados referências na área. Resultados: a manifestação de sintomas pós-operatórios pode estar relacionada a diferentes fatores de risco naturais: condições locais e sistêmicas do indivíduo, diagnóstico, preparo do canal radicular, limite apical de instrumentação e de obturação, agente de irrigação, medicação intracanal, material de obturação e número de sessões em que o tratamento foi realizado. Diversas modalidades farmacológicas para o tratamento da dor pós-operatória do tratamento endodôntico foram estudados, incluindo analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), corticosteroides e antibióticos. Inúmeros estudos enfatizam que os corticosteróides tem melhor ação para a redução significativa desta sintomatologia por possuírem potente ação anti-inflamatória. Os AINEs também são relatados como uma classe eficaz, devido a sua capacidade de inibir a síntese de prostaglandinas em locais de inflamação. Em alguns estudos, os autores recomendam o uso dos AINEs para controle de dor pós-operatória em dentes com diagnóstico apenas de polpa vital, como os casos de pulpite, sendo o Ibuprofeno o fármaco mais indicado. Em pacientes com sensibilidade aos AINEs, e naqueles com ulcerações gastrointestinais, o paracetamol pode ser considerado para o tratamento da dor endodôntica. Em relação aos antibióticos, os estudos são unânimes em afirmar que são apenas indicados em quadros em que o paciente apresenta manifestação sistêmica decorrida da infecção endodôntica. Conclusão: os AINEs e os corticosteroides devem ser considerados os fármacos de primeira escolha para o controle da dor pós-operatória do tratamento endodôntico não cirúrgico. Já o uso do antibiótico deve ser muito bem analisado. A ausência de sintomas no pós-operatório implica em um importante parâmetro de qualidade do tratamento endodôntico, além de vincular positivamente o nível de conhecimento e manejo clínico profissional, oferecendo ao paciente uma melhor qualidade de vida.
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ISSN 2764-2135