USO DE FÁRMACOS NO PÓS-OPERATÓRIO DE TRATAMENTOS ENDODÔNTICOS NÃO CIRÚRGICOS

Wesley Misael Krabbe, Kathleen Elizabeth Zimmer, Bruna Feron, Marcelo Carneiro, Ronise Ferreira Dotto, Márcia Helena Wagner, Michele Altermann Platen, Magda de Sousa Reis

Resumo


Introdução: A contaminação microbiana da polpa dentária é a principal responsável pelos processos dentários agudos que provocam dor exacerbada. O tratamento endodôntico tem como objetivo sanificar, modelar e selar tridimensionalmente o sistema de canais radiculares. Durante e após esse processo, pode suceder a irritação dos tecidos periapicais, causando dor pós-operatória. Esta sintomatologia origina-se da inflamação dos tecidos periapicais, resultado de lesões químicas, mecânicas ou microbianas, decorrentes das diferentes etapas do tratamento endodôntico. Dessa forma, ela é considerada uma complicação comum em procedimentos endodônticos, com uma incidência relatada de 3% a 58% na população. Para cessar esse sintoma, o cirurgião-dentista deve prescrever ao paciente, fármacos de ação sistêmica, evitando quadros dolorosos indesejáveis. Objetivo: o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura, identificando a classe de fármacos mais indicada para o controle da dor no pós-operatório da terapia endodôntica não cirúrgica. Metodologia: o presente estudo é do tipo revisão de literatura e foi executado com o intuito de esclarecer o uso de fármacos durante o pós-operatório do tratamento endodôntico não cirúrgico. A revisão da literatura foi realizada através de artigos atuais, entre os anos de 2016 a 2020, nas bases de dados do PubMed, Scielo, e em jornais específicos da endodontia, considerados referências na área. Resultados: a manifestação de sintomas pós-operatórios pode estar relacionada a diferentes fatores de risco naturais: condições locais e sistêmicas do indivíduo, diagnóstico, preparo do canal radicular, limite apical de instrumentação e de obturação, agente de irrigação, medicação intracanal, material de obturação e número de sessões em que o tratamento foi realizado. Diversas modalidades farmacológicas para o tratamento da dor pós-operatória do tratamento endodôntico foram estudados, incluindo analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), corticosteroides e antibióticos. Inúmeros estudos enfatizam que os corticosteróides tem melhor ação para a redução significativa desta sintomatologia por possuírem potente ação anti-inflamatória. Os AINEs também são relatados como uma classe eficaz, devido a sua capacidade de inibir a síntese de prostaglandinas em locais de inflamação. Em alguns estudos, os autores recomendam o uso dos AINEs para controle de dor pós-operatória em dentes com diagnóstico apenas de polpa vital, como os casos de pulpite, sendo o Ibuprofeno o fármaco mais indicado. Em pacientes com sensibilidade aos AINEs, e naqueles com ulcerações gastrointestinais, o paracetamol pode ser considerado para o tratamento da dor endodôntica. Em relação aos antibióticos, os estudos são unânimes em afirmar que são apenas indicados em quadros em que o paciente apresenta manifestação sistêmica decorrida da infecção endodôntica. Conclusão: os AINEs e os corticosteroides devem ser considerados os fármacos de primeira escolha para o controle da dor pós-operatória do tratamento endodôntico não cirúrgico. Já o uso do antibiótico deve ser muito bem analisado. A ausência de sintomas no pós-operatório implica em um importante parâmetro de qualidade do tratamento endodôntico, além de vincular positivamente o nível de conhecimento e manejo clínico profissional, oferecendo ao paciente uma melhor qualidade de vida.

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ISSN 2764-2135