RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS E O USO DOS BACTERIÓFAGOS NA ENDODONTIA

Márcia Helena Wagner, Júlia Valkimil Tavaniello, Luana Raiter Zucuni, Wesley Misael Krabbe, Magda de Sousa Reis

Resumo


Introdução: A Endodontia é responsável pelo diagnóstico, etiologia e terapêutica das doenças que afetam a polpa e os tecidos periapicais dos dentes. Diante dos quadros de necrose pulpar e retratamentos endodônticos, o principal desafio é a desorganização do biofilme bacteriano instalado no sistema de canais radiculares. Os bacteriófagos são um tipo de vírus capaz de destruir bactéria, pelo processo de fagoterapia, podem destruir o biofilme, limitar seu crescimento ou maturação, o que pode reduzir o impacto das infecções ou controlar suas fases agudas. Diante do aumento no número de pacientes com resistência aos antibióticos, ganha relevância os estudos sobre bacteriófagos. Objetivo: apresentar o uso de bacteriófagos na Odontologia como uma terapia coadjuvante em futuros tratamentos endodônticos. Metodologia: o estudo é uma revisão de literatura de artigos atuais na base de dados do PubMed, Scielo e Portal de periódicos da Capes. Resultados: os estudos demonstraram que os bacteriófagos possuem três indicações no combate de infecções: i) causadas por bactérias resistentes aos antibióticos; ii) causadas por bactérias que são sensíveis a antibioticoterapia em cultura, porém não in vivo, devido a má circulação (em casos de osteomielite e úlceras diabéticas) ou em caso de formação de biofilme; iii) em casos de alergia a antibióticos por parte do paciente ou por problema de intestino irritável. Os principais bacteriófagos usados na odontologia/endodontia são: os caudovirales (fagolíticos) que tem sua ação por meio de uma fase lítica: injetam seu genoma viral no meio intracelular da bactéria. A partir disso há a multiplicação com uso de nucleotídeos, enzimas e energia da célula hospedeira. Ocorre então a maturação, formação completa dos vírions (pelo DNA e capsídeos), há o rompimento da bactéria e liberação de fagos que podem infectar outras bactérias e o ciclo se repete. Muitas infecções orais possuem a presença de Enterococcus faecalis, e esses podem ser controlados por diversos bacteriófagos disponíveis, os quais são especialmente úteis em casos de lesões endodônticas persistentes. A maior dificuldade torna-se um ponto positivo da terapia fágica: a customização do tratamento para cada paciente de acordo com o estado bacteriano, visto que o objetivo do tratamento será direcionado para atuar na bactéria específica e causadora da doença. Além disso, o isolamento dos bacteriófagos é um procedimento de baixo custo, o que torna esse tratamento promissor. Conclusões: Os bacteriófagos são específicos para cada tipo bacteriano, não agem sobre a célula humana e mostram-se importante alternativa ao combate de infecções bacterianas, pois levam a morte da célula hospedeira. Em lesões endodônticas, os estudos sobre o efeito dos bacteriófagos foram restritos a Enterococcus faecalis, e há uma diversidade microbiana grande em biofilmes endodônticos, o que sugere possibilidade de mais estudos nessa área.

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ISSN 2764-2135