UM OLHAR BIOPSICOSSOCIAL PARA OS SINTOMAS DEPRESSIVOS NA PESSOA IDOSA

Lilian Thais Konzen, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


O envelhecimento faz parte do ciclo vital, e é acompanhado por mudanças de ordem individual, familiar e social, sendo marcado pela heterogeneidade, uma vez que são diversas as velhices que se apresentam (SILVA et al., 2014). Da mesma forma, os sintomas depressivos na pessoa idosa devem ser compreendidos como fenômeno biopsicossocial, pois são muitos os fatores biológicos, sociais e psicológicos que podem desencadeá-los (SILVA et al., 2018). O presente resumo trata-se de estudo de caso desenvolvido a partir dos atendimentos realizados com paciente idoso (R.R.) em psicoterapia individual durante a realização do Estágio Integrado em Psicologia III, integrante curricular do Curso de Psicologia da UNISC. O paciente é masculino, 75 anos, aposentado e casado com filhos adultos. Chegou ao SIS encaminhado pela médica e está em acompanhamento desde 2019, sendo sua principal queixa os sintomas físicos que apresenta, mostrando-se excessivamente atento e preocupado com sua saúde. Para o tratamento utiliza-se o entendimento sistêmico, o qual objetiva auxiliar o paciente a encontrar os próprios recursos para superar o sofrimento experimentado. O terapeuta investigará o contexto de vivências do indivíduo e atuará de forma moderadamente diretiva, adotando a posição de ouvinte e mediador, formulando hipóteses e auxiliando na expressão de pensamentos e emoções (BOSCOLO; BERTRANDO, 2010). Percebe-se que R.R. apresenta sofrimento e resistência para aceitar o envelhecimento, bem como as limitações e perdas decorrentes do mesmo. Além das queixas somáticas, identifica-se três aspectos geradores de sofrimento: tristeza, solidão e abandono, conforme o paciente mesmo descreve. Sabe-se que o baixo nível de convívio familiar e social são fatores que contribuem para o surgimento dos sintomas depressivos no idoso, assim como o precário lazer e a falta de atividades diárias. Ainda, considera-se as diferentes perdas e os conflitos pessoais ou interpessoais como fatores importantes, tal como a redução do nível econômico e a falta de reconhecimento social (SOARES et al., 2017). Soma-se ao sofrimento de R.R. o isolamento e o distanciamento social provocados pela recente pandemia da Covid-19, a qual intensificou os sintomas do paciente. Idosos são considerados grupo de risco para a patologia, o que gera maior medo e angústia, trazendo impactos para a saúde mental (SILVA; VIANA; LIMA, 2020). A hipótese diagnóstica elencada no momento é a depressão, direcionando-se as intervenções, especialmente no sentido da mobilização de melhores recursos emocionais e de resiliência do paciente frente ao envelhecimento, com vistas a superar o sofrimento e a rigidez, e o surgimento de novas possibilidades e escolhas para o mesmo. É comum que a depressão geriátrica seja confundida com o processo de envelhecimento, e estudos têm indicado que idosos deprimidos podem ter o seu processo de envelhecimento acelerado e maior associação de comorbidades (SOARES et al., 2017). Portanto, é fundamental que a doença seja precocemente identificada pelo profissional de saúde, pois quando não tratada adequadamente pode agravar o estado geral de saúde do idoso e acarretar prejuízos para o mesmo. Palavras-chave: Depressão; Envelhecimento; Idoso; Psicoterapia.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135