TRAÇANDO CAMINHOS PARA O CUIDADO EM REDE PELA ESCUTA: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS ENTRE PSE E ESF

Mariana Soares Teixeira, Kamilla Mueller Gabe, Gabriela da Silva Oliveira, Rayssa Madalena Feldmann, Suzane Beatriz Frantz Krug, Edna Linhares Garcia

Resumo


No Brasil, o fenômeno da drogadição foi debatido no âmbito da saúde pública a partir da primeira década do século XX. Atualmente, dados nacionais e mundiais evidenciam a emergência do debate sobre drogas, visto a complexidade dessa problemática, visto a complexidade que esse tema engendra. No último levantamento nacional sobre drogas realizado em 2017, adolescentes e jovens adultos, foram apontados como as populações em que o consumo de substâncias psicoativas mais ascendeu. Estudos realizados com adolescentes evidenciaram que a escola é um espaço potencial de trocas de aprendizagens, possibilitando a construção conjunta com os adolescentes. O ambiente escolar pode ampliar o diálogo com os jovens escolares, privilegiando práticas de intervenção, pois é nele que os adolescentes se sentem acolhidos e pertencentes. Nesse sentido, o Programa de Saúde na Escola (PSE) busca abarcar no ambiente escolar temáticas relacionadas a saúde, promovendo ações de promoção em saúde e prevenção aos agravos desta. O presente resumo trata-se de um recorte da pesquisa ?Narrativas de adolescentes sobre drogas e os serviços de saúde CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul?, que objetiva compreender os sentidos produzidos pelos adolescentes quanto ao fenômeno da droga e da drogadição. A pesquisa que se caracteriza como uma pesquisa-intervenção, adota o método de produção de sentidos, proposto por Mary Jane Spink, para análise das narrativas. Dentre os inúmeros dados produzidos pela pesquisa, aqui será apresentada brevemente a articulação entre as instituições saúde e educação, a partir das narrativas de profissionais das Estratégias de Saúde da Família (ESF) responsáveis pelo PSE, produzidas através de entrevistas semiestruturadas. Os profissionais entrevistados relataram dificuldades na realização das ações dispostas pelo PSE, evidenciando um distanciamento significativo entre saúde e educação. Como entraves ao trabalho foram levantadas questões de excesso de demanda, deficiência de recursos humanos, entre outros. Foi perceptível, uma fragilidade na rede de saúde, uma vez que existe grande rotatividade de profissionais, o que dificulta a organização da unidade para atender a demanda territorial e a demanda escolar. Para além da instabilidade da equipe, vê-se uma fragmentação do conceito de saúde, pois as ações realizadas no contexto escolar contemplam essa como a ausência de doença, desconsiderando o sujeito em seus constructos biopsicossociais. Apesar da demanda da drogadição se fazer emergente nas escolas, os profissionais apontam que as ações realizadas nesse local envolvem, em sua maioria, aspectos biologicistas. Portanto, a educação permanente em saúde deve ser uma ferramenta aliada na capacitação, fortalecimento do PSE e aproximação entre os profissionais da educação e saúde, pois é a partir desse vínculo que serão produzidas ações efetivas de cuidado a população escolar, com profissionais capacitados e sensíveis.

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ISSN 2764-2135