AVALIAÇÃO DO USO DE RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA DO TIPO C PARA A DESINFECÇÃO ANTIMICROBIANA E ANTIVIRAL

Nayanna Dias Bierhals, Andréia Rosane de Moura Valim, Aline Teichmann, Jane Dagmar Pollo Renner

Resumo


Introdução: As Infecções Relacionados à Assistência à Saúde (IRAS) caracterizam um grave problema de saúde pública, podendo ocasionar aumento nas taxas de morbimortalidade de pacientes internados. Com o intuito de prevenir e diminuir o número dessas infecções, é importante uma desinfecção adequada e eficiente do ambiente. Surgindo como uma alternativa aos métodos de limpeza e desinfecção manuais, os dispositivos que utilizam luz ultravioleta C (UV-C) apresentam evidências capazes de inativar um amplo espectro de microrganismos como bactérias, fungos e vírus. A técnica possui tempos de exposição rápidos e pode ser realizada de forma móvel, dispensando o uso de instalações. A luz UV-C tem grande potencial antimicrobiano e antiviral, de modo que seu mecanismo de ação está associado à destruição do material genético dos microrganismos através da dimerização de pirimidinas, inibindo sua replicação e consequentemente levando à morte celular. Objetivo: avaliar a eficácia da radiação UV-C na desinfecção antimicrobiana e antiviral. Metodologia: foi realizado um estudo experimental em que foi utilizado um rodo com duas lâmpadas de mercúrio de 30 W para esterilização a uma distância de 60 mm do chão.  Para o ensaio de avaliação antimicrobiana, foram utilizadas cepas de Staphylococcus aureus (ATCC 29213), Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853). As culturas foram preparadas a partir de uma suspensão em escala 0,5 de MacFarland e após transferidos 100 µL de cada inóculo e espalhados com um swab em cinco placas de 90x15 mm, contendo 25 mL de ágar Mueller Hinton. Cada placa recebeu um tempo de exposição UV-C diferente, sendo 0, 4,5, 8, 16 e 45 segundos, respectivamente. Para o ensaio de avaliação antiviral, foram utilizadas amostras de nasofaringe do banco de amostras da rotina de RT-PCR para o diagnóstico de SARS-CoV-2 da Unisc. Em cinco placas plásticas de 90x15 mm, foram adicionados 200 µL da amostra clínica espalhados com uma alça. Cada placa recebeu um tempo de exposição UV-C de 0, 5, 15, 30 e 45 segundos, respectivamente. Na sequência, foram adicionados 200 µL de solução fisiológica e o mesmo volume foi transferido para um microtubo que foi submetido a extração automatizada de RNA, seguido de RT-PCR para identificação do gene Rnase P (qualifica a etapa de extração) e gene E (específico para o SARS-CoV-2), bem como avaliação do Ct (Cycle Threshold), que representa de forma inversamente proporcional a quantidade de material genético presente na amostra. Resultados: todas as placas que não tiveram exposição à luz UV-C apresentaram crescimento microbiano superior a 100.000 UFC/mL. Na cultura de E. coli não houve crescimento em nenhum dos tempos depois da exposição a UV-C. Na cultura de S. aureus, houve o surgimento de colônias bacterianas nos tempos de 4,5 (11 UFC/mL) e 8 segundos (9 UFC/mL). Já as placas contendo P. aeruginosa houve crescimento em todos os tempos de exposição do UV-C, com diminuição de 16 UFC/mL nos 4,5 segundos para 1 UFC/mL nos 45 segundos. Quanto aos resultados virais, o valor de Ct para o gene E aumentou conforme cada tempo de exposição, variando de 16,1 a 21,4 e indicando assim redução do material genético do vírus. Conclusão: a avaliação do uso do rodo com radiação UV-C foi eficaz na desinfecção no tempo de 4,5 segundos para a bactéria E. coli e de 16 segundos para a bactéria S. aureus. Para o vírus SARS-CoV-2, reduziu de forma parcial a carga viral das amostras de nasofaringe.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135