PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES NOS MERCADOS DE TRABALHO DE CIDADES MÉDIAS DO RIO GRANDE DO SUL (RS)
Resumo
Introdução: As cidades médias são aquelas que, apesar de estarem fora das regiões metropolitanas, têm grande importância no desenvolvimento regional, subnacional e, mesmo, nacional, porque são referências econômicas, sociais e políticas em uma determinada região e, também, porque estabelecem relações dessas regiões com outras escalas do desenvolvimento. Analisando os mercados de trabalho, as cidades médias no RS, no período entre 2011 e 2014, apresentaram um crescimento nos empregos formais. A partir de 2015, no entanto, houve diminuição dos empregos formais com o consequente aumento do desemprego e dos empregos informais, mantendo-se essa situação histórica até o presente. A partir do ano de 2020, principalmente a partir de março, a situação dos mercados de trabalho se agravou em virtude das políticas de condução da economia no contexto da pandemia do coronavírus. Além disso, toda a dinâmica da sociedade foi impactada quando o funcionamento do comércio e outros estabelecimentos foram restringidos, as aulas foram suspensas nas redes pública e privada e houve o controle da circulação de pessoas. Objetivo: investigar a dinâmica dos mercados de trabalho de cidades médias no RS durante os primeiros meses do ano de 2020 e compreender como os mercados de trabalho de cidades médias no RS reagiram diante das consequências da pandemia sobre a economia do país. Metodologia: estudo de caráter exploratório realizado a partir da análise dos dados disponíveis no ?novo CAGED?, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, entre janeiro e maio de 2020. Os municípios analisados foram Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas e Santa Cruz do Sul. Resultados: apesar das ações feitas pelo governo na tentativa de reduzir as repercussões da pandemia no mercado formal de trabalho, o desemprego apresentou aumento no país como um todo a partir de março de 2020. Nas cidades médias gaúchas, as características se mantiveram semelhantes às de nível nacional. Entre janeiro e fevereiro havia um saldo positivo de admissões, mas, após declarada a pandemia, os desligamentos se destacaram e superaram o número de admissões. Essa característica foi reforçada no mês de abril, e o número de desligamentos nas quatro cidades médias analisadas superou em 7.945 o número de admissões. Apenas em Santa Cruz do Sul a situação se comportou de forma diferente: as admissões superaram os desligamentos no período analisado. Isso se deve à dinâmica regional diretamente relacionada com a produção de tabaco, que é sazonal e não sofreu grandes restrições com a vinda do novo coronavírus. Como a cidade manteve boas condições sanitárias no período analisado, os trabalhadores, contratados anualmente como temporários, foram admitidos normalmente nos primeiros meses de 2020. Ainda assim, analisando as quatro cidades de forma geral é possível identificar que os empregos do comércio e dos serviços foram os mais atingidos a partir da situação que se estabeleceu. Considerações finais: pode-se afirmar, portanto, que a condição de precarização do trabalho, manifesta através de diferentes formas de insegurança dos trabalhadores, como o desemprego, subempregos, comprometimento do poder aquisitivo, distanciamento de proteção legal no trabalho, sofrimento psíquico nos espaços de trabalho, já presente nas cidades médias investigadas, se agravaram a partir de 2020 em decorrência da insuficiência das políticas governamentais de enfrentamento das consequências econômicas e sociais da pandemia do coronavírus.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
ISSN 2764-2135