CONTEXTO RURAL, ENVELHECIMENTO E A PANDEMIA DA COVID 19

Diorginis Luis Fontoura da Rosa, Silvia Virginia Coutinho Areosa

Resumo


A COVID-19 é uma doença respiratória causada por um coronavírus (SARS-CoV-2) que se disseminou globalmente, tornando-se uma pandemia. A população idosa é apontada como a mais suscetível às complicações do vírus, já que o risco de desenvolvimento da forma grave da doença acomete mais a esse grupo, pois muitos possuem doenças crônico-degenerativas, que associadas à COVID-19, aumentam a sua letalidade. Por conseguinte, os sistemas e órgãos de saúde voltaram-se fortemente à prevenção da enfermidade em pessoas idosas, fomentando práticas de higiene e de distanciamento social, principalmente em área urbana, visando desacelerar a propagação do vírus. Para a população idosa que reside em zona rural, as recomendações não são diferentes, entretanto, faz-se mister entender os efeitos da pandemia nesses contextos rurais, que são marcados por especificidades que diferem das grandes cidades, além de disparidades sociais e iniquidades em saúde. Neste momento ímpar e crítico de saúde pública, emerge uma importante questão: quais as possíveis demandas de saúde da população idosa em contexto rural, provocadas pela COVID-19? Nesse sentido, este estudo se volta à análise de dados coletados pela pesquisa intitulada ?Estudo Socioeconômico e Demográfico da População Idosa no Meio Rural do Município de Santa Cruz do Sul?, realizada em sete distritos do município: Alto Paredão; Saraiva; São Martinho; Rio Pardinho; Boa Vista; Monte Alverne e São José da Reserva. A pesquisa está ancorada na abordagem quantitativa e os dados, que serão apresentados a seguir, foram obtidos a partir de um questionário socioeconômico e demográfico. Foram entrevistados 236 idosos, 71 homens e 165 mulheres, entre 60 e 96 anos de idade. Nota-se que a despeito das práticas de distanciamento social, as pessoas idosas recebem menos visitas de parentes e amigos, principalmente daqueles que moram no meio urbano, onde o risco de infecção do vírus é maior. Além disso, ficam privadas das atividades que mais realizam em comunidade, que nesta amostra são: encontro entre amigos, 44,7 %, comparecer as missas, 33,5%, e ir a bailes, 26,7 %. Situações como essas podem afetá-las emocionalmente e causar desanimo ou tristeza, apresentando riscos à saúde mental. Considerando que boa parte também possui doenças crônico-degenerativas, 55,2 %, é uma soma de fatores que podem aumentar as chances de complicações em um quadro de COVID-19. O acesso à saúde pela maioria, 86%, é através das Estratégias de Saúde da Família (ESFs), e na falta de ações de prevenção dos serviços, há o risco de não cuidarem de sua saúde devidamente, assim como apontado pela Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), que desde o início da pandemia há uma diminuição na procura por serviços de saúde devido ao receio de se expor ao vírus. E, por fim, se uma pessoa idosa for acometida pela doença e necessitar de atendimento especializado, ou uso de equipamentos como respiradores, precisam deslocar-se a longas distâncias, até a área urbana, podendo lidar também com problemas financeiros, pois uma grande parcela, 61,9%, não possui qualquer plano de saúde para arcar com possíveis despesas médicas. Dados como o desta pesquisa apontam necessidades importantes de pessoas idosas que residem no campo, que podem ser utilizados por outros pesquisadores e órgãos de saúde pública, no planejamento de ações e estratégias visando à atenção à saúde da pessoa idosa durante a pandemia deste coronavírus.

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ISSN 2764-2135