PREVALÊNCIA E GRAU DE DEPENDÊNCIA À NICOTINA DE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
INTRODUÇÃO: As condições de confinamento e o ambiente penitenciário demandam a necessidade de estratégias de promoção da saúde na rotina da população carcerária feminina, contemplando as particularidades e especificidades da mulher. O contexto prisional influencia não só no aparecimento e agravamento de condições de saúde, mas afeta a saúde mental e implica em um estilo de vida sedentário, além disso, favorece o aumento da prevalência do tabagismo. O tabagismo é o nome técnico dado à dependência à nicotina e é considerado um problema de saúde pública. Logo, a prática de exercícios físicos contribui para a prevenção de riscos à saúde, diminui o sedentarismo e os níveis de dependência tabágica. Sendo assim, desde 2021, o projeto de extensão Acessibilidade e Saúde: Interdisciplinaridade em Ação junto ao Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) vem atendendo mulheres privadas de liberdade, visando reduzir os impactos desencadeados pelo sistema prisional. OBJETIVO: Estimar e apresentar a prevalência e o grau de dependência à nicotina entre mulheres privadas de liberdade. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência realizado com mulheres privadas de liberdade no Presídio Estadual Feminino de Rio Pardo em 2022. As atividades são realizadas por uma docente e duas bolsistas do curso de Fisioterapia e acontecem uma vez por semana, terças-feiras das 09h às 11h. As avaliações mapearam as condições gerais de saúde das apenadas por meio de anamnese, e, posteriormente, foram aplicados alguns questionários. Uma das variáveis investigadas foi a dependência à nicotina com o questionário de Fagerström, cuja pontuação das respostas é somada e se classifica quanto ao grau de dependência em muito baixa, baixa, média, elevada e muito elevada. Este mesmo questionário será reaplicado em dezembro para se analisar se as oficinas de cinesioterapia têm impacto positivo na diminuição dos níveis de dependência tabágica. Ademais, as oficinas de cinesioterapia compreendem exercícios de aquecimentos, alongamentos, fortalecimentos, relaxamento e atividades lúdicas com intuito de diminuir as consequências do sedentarismo, e pelas atividades laborais, além de promover a interação entre as apenadas incentivando a coletividade e o respeito ao próximo. Para realização das oficinas, as participantes são divididas em grupos, e cada sessão dura de 20 a 45 minutos. RESULTADOS: Participaram 37 mulheres nos nove encontros, com idade média de 34,8 anos. Constatou-se predominância de mulheres tabagistas, com prevalência de 72,9%. Dessas, cinco tem dependência muito baixa à nicotina, cinco baixa, seis média, oito elevada e três muito elevada, evidenciando que a maioria tem dependência de média a alta. Em relação a quantidade de cigarros por dia, 13 fumam menos de 10, 11 responderam de 11 a 20, uma respondeu de 21 a 30 e duas fumam mais de 31 cigarros por dia. O tempo que são tabagistas variou de três meses a 35 anos, sendo que 5 desenvolveram o hábito de fumar no período de reclusão. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É controversa a liberação do uso do cigarro no sistema prisional, porém a privação de liberdade e o contexto do ambiente carcerário, implica no compartilhamento de hábitos não saudáveis, o que agrava a saúde física e mental. É alta a prevalência de apenadas tabagistas com diferentes níveis de dependência a nicotina, algumas adquiriram o vício após a reclusão. A realização de exercícios pode melhorar a qualidade de vida das apenadas.
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ISSN 2764-2135