Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

Introdução: Sabe-se que diversos fatores estão associados com a função hepática. Nesse sentido, destacam-se os níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR) e os índices de gordura corporal, inclusive a razão cintura e estatura (RCE), que parecem interferir negativamente no funcionamento do fígado quando em níveis alterados. Diante disso, torna-se relevante entender as associações entre as enzimas hepáticas, com RCE e APCR na infância e adolescência. Objetivo: Verificar o papel moderador da APCR na relação entre RCE e enzimas hepáticas em crianças e adolescentes. Método: Estudo transversal composto por uma amostra de 2329 crianças e adolescentes do município de Santa Cruz do Sul/RS. A adiposidade corporal foi considerada a partir da medida da RCE, obtida pela divisão da circunferência da cintura pela estatura e para avaliação da APCR, utilizou-se o teste de corrida/caminhada de 6 minutos conforme protocolos do Projeto Esporte Brasil. Já, as enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST) foram avaliadas utilizando amostras de soro. Para testar o papel moderador da APCR foram empregados modelos de regressão linear múltipla por meio de uma extensão do Statistical Package for Social Sciences (SPSS) denominada macro PROCESS. A técnica de Johnson-Neyman foi utilizada para melhor compreensão da moderação da APCR na relação entre RCE e enzimas hepáticas, em que foram determinados os pontos de corte para a APCR nos níveis baixos, médios e altos (percentis 16, 50 e 84, respectivamente). Todos os modelos foram ajustados para sexo, idade e maturação sexual. O p<0,05 foi empregado como nível de significância. Resultados: Constata-se uma interação significativa inversa entre RCE e APCR com a ALT (ß= -0,0010; IC95%= -0,013; -0,0007) e AST (ß= -0,0005; IC95%= -0,0008; -0,0003), indicando que a APCR modera a relação entre RCE e as enzimas hepáticas de crianças e adolescentes. Para melhor compreensão do papel moderador da APCR a técnica de Johnson-Neyman foi aplicada para verificar a APCR em três níveis (baixo, médio e alto). Nesse sentido, observou-se que até 962 metros e 786 metros, uma relação significativa e positiva entre RCE e ALT (ß= 0,0856; IC95%= 0,0001; 0,1712) e AST (ß= 0,0505; IC95%= 0,0001; 0,1010) é verificada, respectivamente. No entanto, a partir de 1195 metros e 1014 metros, a relação entre RCE e ALT (ß= -0,1471; IC95%= -0,2942; 0,0001) e AST (ß= -0,0743; IC95%= -0,1487; 0,0001), respectivamente, é inversa. Conclusão: A APCR modera a relação entre a RCE e as enzimas hepáticas AST e ALT em crianças e adolescentes, indicando que além de manter bons níveis de APCR é importante apresentar baixa adiposidade corporal para melhoria dos níveis hepáticos, visto que quando aumenta-se os níveis de APCR, mas possui-se maior gordura corporal, maiores são os valores de ALT e AST.