Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

Microalgas são microorganismos unicelulares que apresentam grande resistência e capacidade de adaptação, além de serem autotróficas, mixotróficas ou heterotróficas. A estrutura simples que possuem, permite o rápido crescimento de suas células que produzem a biomassa final, podendo alcançar até o dobro da produção de biomassa a cada dia, se cultivadas em condições ideais. Para isso, estudos quanto aos benefícios e diferentes aplicações da biomassa microalgal tem ganhado espaço. A produção em grande escala dessas espécies pode ser realizada por meio de sistemas como fotobiorreatores fechados e sistemas abertos como raceway ponds, sendo que o primeiro apresenta maior capacidade de controle, enquanto o segundo modelo costuma apresentar uma maior área produtiva. A biomassa de microalgas oferece inúmeras vantagens quando se trata de soluções relacionados aos problemas ambientais e econômicos, como a produção das espécies de Chlorella que apresentam uma produção ideal de biomassa utilizada na fabricação de biocombustíveis, e também da Euglena, ambas podendo ser utilizadas no tratamento de águas residuais, desenvolvimento de bioprodutos, geração de bioenergia, entre outros exemplos. Porém os custos com a produção em grande escala podem ser muito altos, principalmente nos casos em que as cepas são cultivadas com meios específicos para cada espécie. Alternativas para a redução de suplementação nutricional são as águas residuárias, provenientes de diversos setores da indústria, da agricultura e outros, como é o caso do resíduo gerado a partir da produção de cervejas. O uso de meios alternativos pode manter as culturas com menores custos relativos aos cultivos, reduzindo o uso de água potável e insumos químicos e realizando a ficorremediação da água residuária. Com base no contexto apresentado, o objetivo de tal estudo teve como base a avaliação do crescimento das cepas Chlorella vulgaris e Euglena sp., adaptadas ao meio mineral a base do fertilizante agrícola denominado NPK, em concentrações de 0,5, 1,0 e 1,5 g L-1, sem e com a adição de resíduo. Os cultivos foram em fotobiorreatores com 200mL de inóculo diluído em 800mL de meio mineral. Para os experimentos feitos com o resíduo cervejeiro foram adicionados 5mL da respectiva água residuária a cada dois dias. Já para o experimento realizado em tanque do tipo Raceway pond foi utilizado uma lâmina d’água de 15 cm com aproximadamente 380 L de cultivo. Os experimentos em escala laboratorial sem resíduo, apresentaram um rendimento médio de biomassa de 1,74, 0,71 e 0,463g L-1 (Euglena spp) e 1,58, 0,89 e 0,74g L-1 (C. vulgaris) nas concentrações de 0,5, 1,0 e 1,5g L-1 de NPK, respectivamente. Já os experimentos utilizando suplementação com resíduo, obteve-se um rendimento médio de biomassa de 1,48, 1,46, 1,27g L-1 (Euglena sp.) e 1,50, 1,21 e 1,22 g L-1 (C. vulgaris), utilizando as mesmas concentrações de NPK citadas anteriormente. A partir destes resultados foram constatados que entre as concentrações de NPK testadas a de 0,5g L-1 seria o suficiente para os cultivos, uma vez que não houve diferença estatística significativa entre os experimentos (p>0,05). Além disso, há diferença entre o crescimento em meio com e sem resíduo. As águas residuárias da produção de cerveja mostraram-se adequadas a produção das duas microalgas, sendo necessários inserir alguns controles na produção em escala piloto em raceway pond, como controle de pH, aquecimento da água e maior tempo de cultivo.