O ENSINO DE HISTÓRIA NA REFORMA DO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL
Resumo
O objetivo deste estudo é compreender o lugar da História nos dispositivos normativos do Novo Ensino Médio, assim como analisar o que passou a ser exigido no ensino de História a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), identificando o que dizem as pesquisas e produções disponíveis sobre o tema. O objetivo geral é compreender as consequências da BNCC e do Novo Ensino Médio para o ensino de História através da análise de produções encontradas em portais de pesquisa. Buscando atingir os objetivos propostos, optou-se por uma pesquisa de cunho qualitativo, dividida em duas etapas principais. A primeira consistiu na revisão bibliográfica sobre o tema, realizada em duas bases de acesso livre no Brasil (Portal de Periódicos da CAPES e Catálogo de Teses e Dissertações) e considerando o estado da arte publicado no artigo de Paulo Fioravante Giareta (2021), intitulado “A produção de conhecimento sobre a Base Nacional Comum Curricular no Brasil: levantamento de teses, dissertações e artigos”. Sistematizou-se as principais pesquisas que tratam sobre o ensino de História no Novo Ensino Médio e, desta maneira, criou-se uma planilha no Google Sheets para a organização dos dados coletados nos locais de busca. Com a separação dos trabalhos, iniciou-se a leitura dos resumos das produções para que fossem descartados aqueles que não estivessem vinculados ao objetivo da pesquisa. A segunda etapa consistiu na leitura dos documentos oficiais relativos ao Novo Ensino Médio, sendo eles a Lei 13.415/17 e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A partir das análises realizadas, percebeu-se a preocupação dos(as) pesquisadores(as) em demonstrar o caráter empresarial da reforma educacional, apontando as diferenças entre a Base elaborada durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff e o documento homologado a partir da presidência de Michel Temer. A formulação da BNCC fez parte do desmonte de direitos sociais e da educação no país, como os movimentos de contrarreforma trabalhista e a própria Reforma do Ensino Médio. Observa-se no governo Temer uma reestruturação da equipe de profissionais responsáveis pela elaboração da BNCC/História, sendo substituída por especialistas com interesses vinculados ao setor empresarial, ao mercado editorial de livros didáticos e ao grupo político que assumiu o Ministério da Educação. O segundo documento apresentou conteúdos mais genéricos, caracterizando um currículo conteudista, e apresentando uma História do Brasil a partir de um viés eurocêntrico, diferente do primeiro modelo que rompia com uma História Tradicional. A terceira e última versão da BNCC retomou o modelo curricular de competências e habilidades, preocupando pesquisadores(as) da área da Educação, assim como da História. No Ensino Médio a História perdeu status de disciplina e seu ensino ficou reduzido a um conjunto padronizado de competências e habilidades associados às avaliações de larga escala. Além de selecionar os saberes históricos, os dispositivos regulam e condicionam o fazer pedagógico dos docentes.
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ISSN 2764-2135