O SENTIR NO ISOLAMENTO: EMOÇÕES GERADAS EM PESSOAS IDOSAS DURANTE A COVID-19

Bernardo Reckziegel Bohn, Isadora Machado Amaral, Vitor Emanuel Alves Zambarda, Silvia Virginia Coutinho Areosa, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


O SARS-CoV-2, vírus causador da COVID-19, deflagrou uma crise sanitária de escala global e, além do devastador impacto biológico, afetou de maneira significativa o aspecto psicossocial da população. Nesse contexto, as medidas de distanciamento e isolamento social, pensadas para conterem a disseminação da doença, impactaram na dinâmica cotidiana dos indivíduos bem como na saúde mental destes. Pesquisas prévias, citadas por Ho, Chee e Ho (2020) apontam para um amplo espectro de impactos psicológicos que contextos como o da atual pandemia podem ter na população em geral. Além de poderem precipitar novos sintomas psiquiátricos em indivíduos sem doenças mentais, podem também ocasionar agravo naqueles com alguma condição pré-existente. As pessoas podem experienciar medo e ansiedade, principalmente relacionados ao adoecimento ou a morte, bem como o sentimento de impotência frente a situação. Tendo essa conjuntura em questão, o Grupo de Estudos em Envelhecimento e Cidadania (GEPEC) deu início ao projeto de pesquisa intitulado “Saúde mental das pessoas idosas em isolamento social na pandemia da COVID-19”. Tal projeto continua vigente, atualmente em parceria com a UFSM, as coletas estão sendo realizadas através de entrevistas telefônicas, com financiamento CNPq. Em virtude das entrevistas ainda estarem sendo efetuadas, este trabalho e reflexões suscitadas dele, utilizarão os resultados da primeira fase da pesquisa realizada em Santa Cruz do Sul. Neste, 58% relataram sentir-se “bem”, ou sem sentimentos negativos ligados ao período vivenciado. Enquanto isso, dentre os 42% que relataram algum sentimento adverso, os que mais prevaleceram foram: ansiedade, preocupação, estresse e tristeza. Além destes dados, foram realizadas buscas nas plataformas da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) assim como no Google Acadêmico, de forma a traçar paralelos com a literatura produzida sobre o tema e o os conteúdos mais latentes extraídos de uma pergunta específica do questionário: “Como tem se sentido nos últimos dias?” A amostra trabalhada é composta por 554 pessoas com mais de 60 anos de ambos os sexos provenientes do cadastro disponibilizado pelos diversos setores da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). A partir disto, buscou-se compreender que efeitos o período vivenciado teve sobre a saúde mental dos indivíduos em questão, objetivando-se entender que sentimentos foram gerados. Por fim, verificou-se que o período de pandemia pode ter suscitado um agravo nas condições referentes à saúde mental, expresso no presente trabalho pelos sentimentos negativos relatados ao longo das entrevistas. Em cima destes relatos e da literatura científica consultada, ficou evidente que o planejamento de ações que tenham como público-alvo a população idosa, em toda sua heterogeneidade, é premente, seja no âmbito das políticas públicas seja no acadêmico, através de produções científicas sobre o tema. Referências: HO, C. S. H., et al. 2020, DOI: 10.47102/annals-acadmedsg.202043

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ISSN 2764-2135