Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

A pandemia do COVID-19 trouxe impactos catastróficos ao Brasil, sendo os socioeconômicos e sociais alguns dos mais perceptíveis, pois acabaram refletindo na rotina e no dia a dia de inúmeras pessoas de forma mais diretiva. Além disso, a área da saúde foi severamente atingida pelo medo do desconhecido: alta demanda nos serviços de saúde, ausência de insumos nos hospitais, dúvidas e absenteísmo que pairavam entre os funcionários, assim como a superlotação de leitos, tanto na rede pública quanto na privada. Consequentemente, é possível observar uma disparada nos números de estudos que buscam compreender e identificar as consequências que surgiram com a pandemia, nos mais diversos campos de atuação. É a partir do interesse sobre o tema que essa pesquisa se dispõe a verificar as repercussões da pandemia dentro da área da saúde, mais especificamente no que diz respeito a atuação dos profissionais frente a terminalidade. O referencial teórico que embasa a pesquisa perpassa pelos mais diversos segmentos que integram a atuação dos cuidados paliativos. Buscou-se trazer a definição sobre o termo e os significados atribuídos por diferentes autores da contemporaneidade. Intencionou-se, também, expor a conceitualização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a associação desse setor com os cuidados paliativos. Por fim, a proposta do referencial teórico era de discutir sobre a atuação dos cuidados paliativos no período de pandemia no Brasil, dificuldades e repercussões observadas e verbalizadas pelos profissionais. A partir dos objetivos da pesquisa, procurou-se compreender como ocorreram os cuidados paliativos em ambiente hospitalar durante o cenário de pandemia, verificar os desafios dos cuidados paliativos durante o período de pandemia e identificar as repercussões na saúde mental da equipe profissional atuante em cuidados paliativos. Essa pesquisa foi realizada em um hospital público utilizando-se do método de pesquisa qualitativo e exploratório, aproximando-se do campo de atuação. Entrevistas semiestruturadas ordenadas a partir de um roteiro pré-estabelecido guiaram a coleta de dados. As entrevistas foram transcritas e divididas em três categorias temáticas. O primeiro eixo demonstra o entendimento dos profissionais sobre cuidados paliativos, onde se verificou que a concepção dos profissionais sobre o tema está centralizada nos manejos direcionados a dor e conforto a pacientes terminais. A segunda categoria discorre sobre os desafios da implementação dos cuidados paliativos no contexto de crise e pandemia, enfatizando que as medidas para aliviar o sofrimento podem ser negligenciadas em razão da necessidade imediata de salvar vidas. O terceiro e último eixo visa expressar os relatos trazidos pelos participantes quanto aos reflexos de terem atuado na UTI no período pandêmico. O que se pode perceber, em uma concepção geral, é que os profissionais que trabalharam na linha de frente do COVID-19 vivenciaram uma sobrecarga emocional durante a pandemia. Os resultados da pesquisa indicaram que o tema "Cuidados Paliativos" é de extrema importância para a sociedade, porém não é tão habitual nas rotinas hospitalares. A informação sobre os cuidados paliativos ainda é vaga e pouco difundida, havendo a necessidade de ampliar esses conhecimentos dentro das equipes de saúde. Além disso, torna-se indispensável a oferta de suporte e atenção em saúde mental aos colaboradores que vivenciaram de perto a realidade de atuar em um cenário de pandemia.