IDOSOS FRAGILIZADOS E POLIMEDICADOS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Andressa Piva Vicente, Ana Beatriz Richter Härter, Bruno Bachmann de Quadros, Giuliana de Pelegrin, Paloma Caroline Helfer, Dennis Baroni Cruz

Resumo


INTRODUÇÃO: O aumento da expectativa de vida e de usuários com multimorbidades na Atenção Primária à Saúde (APS) tem sido acompanhado pelo fenômeno da polifarmácia na população idosa, tornando-se uma questão prioritária de saúde pública. O paciente em polifarmácia é aquele em uso diário de 5 ou mais medicamentos diferentes, o que pode incluir a administração inadequada de fármacos, o risco de interações medicamentosas e efeitos potencialmente prejudiciais às funções do idoso, aumentando seu estado de fragilidade. Este caracteriza-se como um elevado estado de vulnerabilidade, a qual envolve os âmbitos físico, cognitivo, psicológico e social, resultando em dependência, reduzida qualidade de vida e alta demanda de cuidados de saúde. A polifarmácia e a fragilidade são situações conectadas e possivelmente modificáveis que merecem destaque devido ao risco do uso inapropriado e excessivo de medicamentos e a suscetibilidade dos idosos à iatrogenia. OBJETIVO: Discutir as vulnerabilidades enfrentadas nos idosos fragilizados e polimedicados na APS. METODOLOGIA: Trata-se de revisão narrativa da literatura, de caráter qualitativo, com referência nas bases Cochrane Library, LILACS e PubMed e recorte temporal de 5 anos. As buscas tiveram o intuito de responder à pergunta: quais as vulnerabilidades encontradas em idosos fragilizados e polimedicados na APS? Usou-se como descritores “primary health care” AND “polypharmacy” AND “frail elderly”. Os critérios de inclusão considerados foram artigos em português ou inglês e, de exclusão, obras duplicadas, que não mostravam relevância ou não respondiam à questão definida. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram encontradas 63 obras, 16 selecionadas após leitura de resumos e 15 compõem esta revisão. As multimorbidades na população idosa têm sido consideradas aspectos determinantes de fragilidade. Embora ambas sejam aspectos independentes entre si, as doenças crônicas predispõem o idoso ao aumento da vulnerabilidade clínica, funcional, sociodemográfica, cognitiva, afetiva e social facilitando a instauração da fragilidade. Cabe ressaltar que, à medida que aumenta a fragilidade no idoso, aumenta também a prevalência de polifarmácia, a complexidade clínica e o PIP (potencial de prescrição inapropriada). A partir da percepção desses elementos, pode surgir a necessidade de desprescrição, que deve ser pautada em critérios explícitos e centrados na pessoa devido à sua complexidade. No contexto da APS, que recebe e acompanha idosos fragilizados, encontra-se o maior conhecimento acerca desses pacientes e de seu entorno, de modo que é possível garantir que seus sentimentos, ideias e expectativas sejam considerados nas decisões. Contudo, há dificuldades em relação à aptidão dos profissionais para desprescrever, disponibilidade para visitas domiciliares e impasses para concretização de um trabalho interdisciplinar para uma atenção integral aos idosos. CONCLUSÃO: Nota-se a importância do reconhecimento precoce dos riscos de fragilização nos idosos pela APS com intuito de prevenir e identificar os efeitos adversos à saúde. Este grupo apresenta-se como o mais vulnerável à iatrogenia e ações de prevenção quaternária mostram-se de grande importância. A APS é o local ideal para essas ações, pois nela encontra-se o maior conhecimento acerca do paciente e de seu entorno. Contudo, os modelos de cuidado ainda estão focados apenas na doença, de modo que podem não ser suficientes para manejar as fragilidades da população idosa.

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ISSN 2764-2135