DO PÚBLICO AO PRIVADO: NUANCES NO ENCONTRO ENTRE ESCOLARES COM OS “CAMINHOS DO SUS”

Gabriella Soares Hopp, Stefanni Vargas Silveira, Laura Silva Geller, Gabriela da Silva Oliveira, Maria Eduarda Rockenbach Dullius, Letiane de Souza Machado, Suzane Beatriz Frantz Krug, Edna Linhares Garcia

Resumo


A jogabilidade no ambiente escolar oferece formas alternativas de aprendizagens de modo mais dinâmico e divertido aos escolares. A partir da pesquisa "Narrativa de adolescentes sobre drogas e os serviços de saúde mental CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul" (2017) identificou-se que parte da mostra, estudantes de escolas públicas, desconhecia os serviços de saúde e de assistência social que atuam em Santa Cruz do Sul. Com base nesses resultados, o Grupo da Pesquisa sobre Álcool e outras Drogas (GRUPAD) desenvolveu um jogo de tabuleiro denominado “Caminhos do SUS”, o qual representa o mapa da cidade e seus serviços de saúde, segurança e assistência social. Esse, dispõe de cartas com histórias que assemelham-se à realidade dos escolares e que visam ensinar, através da ludicidade, os caminhos que podem ser percorridos para auxiliá-los em problemáticas do cotidiano. Em 2022, com o retorno às aulas presenciais, o jogo foi aplicado em turmas de escolas públicas (6) e privadas (2), em que percebeu-se disparidades relacionadas às questões sociais e de interação com o dispositivo. Esse resumo objetiva discutir as diferenças identificadas durante a aplicação do jogo “Caminhos do SUS” com alunos de escolas públicas e privadas. Para isso, utilizou-se como metodologia as aplicações dos jogos, o registro por meio de diário de campo, e posteriormente, a análise das temáticas percebidas em reunião do grupo de pesquisa. Através desses, verificou-se que alunos de escolas públicas, majoritariamente, demonstram conhecer e frequentar um maior número de serviços de saúde e de assistência apresentados no tabuleiro, enquanto estudantes de escolas privadas conhecem os serviços mais populares como hospital, escola e delegacia. Ademais,  percebe-se que os alunos de escolas públicas estabelecem maior interação com as pesquisadoras ao solicitar auxílio, conversar e trocar ideias, enquanto nas escolas particulares os alunos buscam a leitura do manual do jogo para tirar suas dúvidas. Ainda, nas escolas públicas os escolares são participativos e engajados com a história do jogo, realizando as atividades de encenação presentes nas cartas desafio. Por outro lado, os estudantes de escolas privadas parecem ficar menos interessados na hora do teatro, especialmente o gênero masculino. Geralmente, os alunos de escolas públicas terminam uma rodada e pedem para jogar novamente, o que não acontece com tanta frequência nas escolas particulares. Ainda, ocorre uma maior identificação dos alunos das escolas públicas com as histórias do jogo, reconhecendo a si e a sua comunidade nas situações apresentadas. Já nas escolas particulares, os escolares encaram as missões como histórias fictícias, distantes de sua realidade. Assim, as percepções obtidas são de que há divergências na participação dos estudantes de escolas públicas e particulares, principalmente no que se refere aos modos de jogar, interagir e compreender os locais dispostos pelo município como um todo. Esse dado pode ser compreendido se considerado o contexto social em que cada escola e seus alunos estão inseridos, visto que a população de ensino público acessa os serviços de saúde e de assistência regularmente. Dessa forma, a partir das experiências de aplicação do jogo nas escolas públicas e privadas, pode-se concluir que ainda que habitem a mesma cidade, as vivências dos estudantes são distintas, impactando diretamente em seus conhecimentos sobre a rede e suas dinâmicas sociais.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135