DISCURSOS E CONDUTAS DA FORMAÇÃO MÉDICA: PROBLEMATIZANDO AÇÕES DO PROFISSIONAL NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQIA+

Autores

  • Iagro Cesar de Almeida UNISC
  • Laura Schmidt Rizzi UNISC
  • Irene Souza UNISC
  • Henrique Ziembowicz UNISC
  • Guilherme Mocelin UNISC
  • Morgana Pappen UNISC
  • Suzane Beatriz Frantz Krug UNISC

Resumo

A vulnerabilidade social pode ser traduzida de diversas maneiras, alinhando-se a visão de grupos estigmatizados pela sociedade que sofrem exclusão, falta de representação e marginalização. Esses grupos possuem necessidades específicas de cuidados em saúde e, inserida nesse processo, a população LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, queer, intersexo, assexuais e outras variações) vivencia desafios impostos pela pressão de normativas sociais, sobretudo a parcela de pessoas transexuais, que experienciam uma rede de saúde ainda em construção no que diz respeito ao seu acolhimento, métodos de acesso e assistência. Nesse contexto, ambientes de formação médica surgem como principais promotores de qualificação técnica científica, estimulando práticas humanizadas de cuidado. O presente estudo busca refletir acerca dos discursos e condutas sobre a transexualidade na formação médica, assim como problematizar ações da atuação profissional à saúde da população LGBTQIA+. A análise consiste em um relato de experiência, com abordagem qualitativa reflexiva, a partir de um estudo de relato de caso feito por estudantes de medicina sobre uma paciente transexual. Para fundamentar a análise foram utilizados artigos publicados nos últimos quatro anos, indexados na base de dados Pubmed e Periódicos CAPES, além de literatura com reconhecida relevância clínica e social sobre essa população. Como resultados, é possível discorrer sobre a busca histórica da comunidade transexual por inserção social e direitos de saúde, percorrendo períodos críticos da sociedade civil, onde movimentos organizados se fortaleceram para promover melhores condições a essa população. No entanto, ainda que haja importância o diagnóstico, hormonização e a cirurgia de transgenitalização, o cuidado integral e humanizado se dá mais precocemente, no momento de primeiro contato do indivíduo com o profissional. Por meio da literatura é possível definir a transexualidade como uma circunstância sociopolítica que se estabelece como uma transgressão à não conformidade de um indivíduo com as normas de conduta de gênero. Diante disso, quando a transexualidade é analisada por atributos construídos socialmente, a patologização de sua existência torna-se evidente, onde a falta de práticas éticas podem figurar risco na formação médica, visto seu papel na multidisciplinaridade do atendimento. Considerando tal atuação indispensável na identificação de alterações biológicas e psicossociais, possuindo como principal ferramenta a investigação durante o acolhimento do paciente para que se forme, ou não, um diagnóstico final, o médico deve possibilitar o auxílio desse indivíduo no encontro de corpo e mente, sobrepondo a necessidade do paciente ao seu juízo de valor pessoal, sem contribuir para a conservação de barreiras de acesso. Conclui-se, dessa forma, que os profissionais de saúde podem apresentar-se na assistência como agentes reprodutores de padrões antiéticos, sendo esse um dos fatores que podem definir um acesso não humanizado da população a ações e políticas públicas em saúde voltadas à população LGBTQIA+. Portanto, a inclusão curricular da atenção médica voltada à população transexual mostra-se como uma ferramenta de efetivação da relação eficaz com o paciente e do suporte de qualidade às suas necessidades, sendo esses atributos indissociáveis ao médico, devendo, portanto, estar consciente de sua função social para contribuir na afirmação dos direitos daquele indivíduo.

Biografia do Autor

  • Iagro Cesar de Almeida, UNISC
    UNISC
  • Laura Schmidt Rizzi, UNISC
    UNISC
  • Irene Souza, UNISC
    UNISC
  • Henrique Ziembowicz, UNISC
    UNISC
  • Guilherme Mocelin, UNISC
    UNISC
  • Morgana Pappen, UNISC
    UNISC
  • Suzane Beatriz Frantz Krug, UNISC
    UNISC

Publicado

2021-10-20

Edição

Seção

Ciências Biológicas e da Saúde