RESSOCIALIZAÇÃO NO PRESÍDIO REGIONAL DE SANTA CRUZ DO SUL
Resumo
Este resumo tem por objetivo relatar as atividades decorridas entre os meses de abril e dezembro de 2010, da oficina de Leitura e Produção Textual, vinculada ao projeto de extensão “Ressocialização no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul”, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), coordenado pela Profª. Ms. Rosana Jardim Candeloro e supervisionado pelo Prof. Ms. Elenor Schneider. Dentro da oficina, trabalhou-se com apenados que possuíam escolaridade mínima de 5ª série do ensino fundamental, de diversas idades, tendo por objetivo aprimorar a leitura, escrita, senso crítico, analítico e a compreensão textual. Inicialmente, as oficinas contavam com trinta alunos, mas houve uma evasão em decorrência de outros cursos que ocorriam no mesmo período. Mesmo assim, verificou-se uma significativa melhora na leitura e, sobretudo, na escrita daqueles mesmos apenados A evasão ocorreu por diversos motivos, dentre eles, cursos de capacitação de pintura e auxiliar de pedreiro, que ocorreriam no mesmo período e horário da oficina de Produção Textual. Na oficina, trabalhou-se com crônicas, contos literários, poesias, poemas, sonetos, notícias de jornais e revistas, bem como clássicos da Literatura Brasileira e Portuguesa, a partir dos quais era proporcionado aos detentos um maior desenvolvimento/aprimoramento do processo cognitivo, até então pouco explorado devido à própria realidade na qual vivenciavam. Durante a oficina, os apenados produziam pequenos textos com relatos pessoais ou redações, na qual era discutido o tema proposto. As notícias trabalhadas eram retiradas de jornais e ou revistas, assuntos que naquele momento estavam tendo repercussão nacional. Após a leitura e discussão, em grupo, era feita a parte dissertativa. Onde, na escrita, foram avaliados: coesão, coerência, ortografia e, sobretudo, a compreensão textual. Os textos focavam uma autoanálise dos fatores sociais, econômicos e, até mesmo, uma possível solução para o problema proposto. Na oficina, a exibição de filmes foi outra ferramenta importante. Após assisti-los, era proposto um debate sobre as questões sociais exibidas, e até mesmo conflitos psicológicos. Na incessante busca pela renovação, a Música Popular Brasileira foi outro recurso utilizado, ampliando os horizontes culturais do grupo, algo que despertou um interesse ainda maior por parte dos apenados. Contávamos com o auxílio, fundamental, da biblioteca prisional, na qual os detentos tinham a possibilidade de ler livros da sua área de interesse. Esses livros, doados pela comunidade, eram selecionados e catalogados por uma biblioteconomista cedida pela 6ª CRE. No mês de agosto do ano de 2010, começou a circular, duas vezes por semana, dentro das galerias, a “biblioteca volante”, através da qual os apenados passaram a ter mais facilidade e maior integração com a literatura. Com o amplo contato com a cultura, foi possível notar uma melhora grandiosa na escrita, senso crítico, analítico e até mesmo na fala dos apenados. O convívio entre eles e com os agentes penitenciários foi outro fator notável: com um maior número de atividades, todas elas visando o bem-estar e, principalmente, em busca da ressocialização e reintegração dos apenados com a sociedade, diminuiu drasticamente o número de motins dentro da comunidade carcerária, fato esse que não ocorreu mais nos últimos três anos naquele presídio.
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