COR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: NARRATIVAS ENTRE LUZ E SOMBRA
Resumo
O trabalho, resultado do Seminário de Pesquisa em Educação II do Curso de Pedagogia, coordenado pelo professor Felipe Gustsack e orientado pela professora Sandra Richter, aprofunda estudos realizados no grupo de pesquisa Linguagens, Cultura e Educação da UNISC, em torno da relevância da cor e da pintura, do barro e da modelagem, da poesia e da roda poética no cotidiano de crianças pequenas. O estudo da dimensão sensível do conhecimento, através da abordagem da cor e suas narrativas no cotidiano escolar, justifica-se pela inexistência de argumentos pedagógicos que afirmem sua importância na formação docente. Com o objetivo de investigar a imaginação poética através da relação entre a criança e a cor, a metodologia sustenta-se na abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994) para deter-se nos percursos de exploração das diferentes materialidades e linguagens com crianças de cinco anos de uma EMEI de Santa Cruz do Sul/RS, através de pesquisa bibliográfica, registro descritivo e fotográfico de momentos e ações com a cor nas Oficinas Poéticas. As oficinas, promovidas pelo projeto de pesquisa Dimensão poética das linguagens na educação da infância, pelos Núcleos de Educação Básica e de Arte e Cultura, ocorreram no ateliê, em abril e maio de 2012. A interlocução com docentes de duas instituições de educação infantil, privada e municipal, ocorreu através de questionário que contribuiu para a organização de fragmentos significativos na elaboração dos argumentos. Com a intenção científica de provocar reflexões e aprender a interrogar uma das mais sensíveis dimensões do real, o estudo parte das memórias em preto e branco de uma professora, aprendendo a conviver com crianças da Educação Infantil para destacar a grande desconsideração no planejamento pedagógico pela dimensão sensível do conhecimento. Para resistir a tal indiferença articula as concepções de infância em Kohan (2004), de arte e pintura em Richter (2005), de aprendizagem e imaginação poética em Fronckowiak e Richter (2005) e de cor em Goethe (1996). O encontro com as crianças nas oficinas poéticas alcançam uma infância que faz da experiência dos começos a ampliação de repertórios de mundo a partir do encontro com o maravilhamento pela cor, um encantamento pela massa colorida capaz de transformar suas produções em algo inusitado a partir do encontro intenso do corpo com a materialidade da cor. A arte, por sua característica intrínseca de nos colocar frente ao inusitado e ao inesperado, abre espaço para o exercício experimental da liberdade na ação mesma de transportar nossa curiosidade até o desconhecido, sendo causa de toda a inquirição filosófica, artística e científica. Na especificidade da cor, como dimensão sensível do real, e da pintura como experiência visual e táctil com a materialidade viscosa da tinta, pintar e desenhar são ações diferentes, mas que podem dialogar. A cor e a pintura distinguem-se da linha e do desenho por configurarem diferentes modos de figurar. Os questionários apontam a predominância de uma concepção psicológica das cores e uma concepção de pintura baseada no tema e não no modo de produzir imagens, permitindo afirmar a pintura na educação infantil como mera atividade na qual a cor é invisível. Porém, a relevância do estudo está na imersão na Doutrina das Cores de Goethe e na compreensão da necessidade de aprofundar reflexões na educação de crianças pequenas.
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