ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA: AVALIAÇÃO DESSA PRÁTICA EM HOSPITAL DE ENSINO

Resumo

240A antibioticoprofilaxia é utilizada quando se deseja prevenir uma infecção causada por agente conhecido ou fortemente suspeito em um paciente que se encontre em risco de contrai-la, como em cirurgias potencialmente contaminadas e sujas, pacientes ASA III, IV ou V e cirurgias com duração longa, que incorrem em risco mais elevado. A administração profilática de antimicrobianos tem se constituído em prática comum na cirurgia, objetivando reduzir a incidência de infecção, particularmente na ferida operatória. A infecção pós-cirúrgica tem impacto negativo na recuperação do paciente e contribui substancialmente para aumentar os custos hospitalares. A profilaxia antibiótica não240substitui as boas práticas de controle de infecção, preparo adequado do paciente e emprego de cuidadosa técnica operatória. Para o surgimento de infecção pós-operatória contribuem fatores de risco dependentes do paciente e do procedimento. Também o tipo de cirurgia pode se constituir em risco para o desenvolvimento de infecção posterior. Este estudo foi realizado de forma transversal por meio de análise prospectiva dos prontuários dos pacientes que foram submetidos a algum procedimento cirúrgico em Hospital de Ensino do interior do Rio Grande do Sul no período de 10 a 17 de abril de 2012. Compôs o estudo uma amostra de 89 prontuários de pacientes, totalizando 90 procedimentos. Essa amostra inicial era constituída por pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos no período referido, selecionando, posteriormente, aqueles que receberam tratamento profilático com antimicrobianos. A racionalidade profilática das medicações administradas foi confrontada com as recomendações terapêuticas de uma referência bibliográfica acerca da profilaxia antimicrobiana, considerando o tipo específico de operação realizada. 240Entre os 90 procedimentos cirúrgicos observados, em 63 (70%) foi realizada profilaxia. Dos antimicrobianos utilizados, 46 (73%) foram cefazolina, 12 (19%) tobramicina, 1 (1,6%) metronidazol, 1 (1,6%) vancomicina, 1 (1,6%) ciprofloxacina, 1 (1,6%) neomicina e 1 (1,6%) cefoxitina. Outras variáveis consideradas foram os tipos de cirurgia, sua classificação quanto a eletiva ou emergencial e categoria limpa ou contaminada, início da administração do antimicrobianos relacionando ao início da cirurgia, tempo de internação. Percebeu-se que em 73,3% a prescrição de profilaxia estava de acordo com as recomendações específicas para profilaxia cirúrgica hospitalar. Apesar desse percentual representar a maioria das prescrições, não é suficiente quando o objetivo é atingir a totalidade. Dessa forma, é imprescindível que o assunto seja encarado com seriedade pelos cirurgiões, os quais devem saber quando indicar, como indicar e quando e por que não indicar, respeitando o uso racional de antimicrobianos.