REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO EM FARMÁCIA A PARTIR DO VER-SUS
Resumo
O Sistema Único de Saúde é uma política pública que completou 20 anos de existência há pouco tempo. Por se tratar de uma política pública de âmbito nacional, garantir a sua sustentação não é uma tarefa fácil. De acordo com a Resolução nº 225/97 do Conselho Nacional de Saúde, o SUS tem o dever de contribuir com a formação de profissionais para a saúde, porém, não se trata de formar pessoas apenas competentes tecnicamente, mas também profissionais que tenham vivido e refletido sobre o acesso universal à qualidade e à humanização na atenção à saúde, com controle social. O SUS necessita de profissionais preparados para atuar com competência, entretanto, ainda é visível na rede pública de saúde o despreparo técnico, científico e político de trabalhadores. Concomitantemente a essa constatação, alia-se o fato das instituições de ensino superior, que possuem cursos da área da saúde, direcionarem o aprendizado mais no modelo biomédico do que nos paradigmas da Saúde Coletiva. Apesar de parte significativa dos conteúdos serem desenvolvida nos equipamentos de saúde do SUS, muitas vezes, este ainda não atrai o interesse dos alunos. O ensino farmacêutico vem passando por mudanças e mesmo que ainda haja poucas referências e considerações sobre Saúde Pública, há iniciativas individuais de docentes tanto da área do medicamento quanto do diagnóstico que apontam para a construção do perfil do profissional voltado para as demandas do SUS, priorizando o aprendizado crítico e reflexivo. Sabemos que os profissionais que conseguem enfrentar as mudanças do mercado de trabalho possuem características como autonomia, iniciativa, capacidade de resolução de problemas, criatividade, entre outros. Neste contexto, o VER226SUS (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde) surge como possibilidade de ampliação da formação profissional, especialmente em Farmácia, pois possibilita a aproximação dos estudantes com diversos serviços que atravessam a área da saúde, seus trabalhadores e usuários. A vivência provoca novas formas de proceder mediante a realidade de que profissionais de diferentes áreas trocam experiências e impressões entre si, com os estudantes e com os usuários dos serviços em que atuam. Faz com que os estudantes se aproximem de forma mais intensa da realidade de trabalho no SUS, ainda estando na graduação. Possibilitando, desse modo, uma formação mais qualificada e consciente de seus direitos e deveres como profissionais. Essa experiência proporcionou o entendimento da importância do trabalho em equipe multiprofissional no SUS, das dificuldades das profissões em trabalhar de forma integrada e a falta do profissional farmacêutico no SUS ficou evidenciada. Os acadêmicos retornam às salas de aula com novos posicionamentos, novas perspectivas e novas reflexões e ainda, com maior capacidade de integração com alunos de outros cursos.
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