PERFIL DO PACIENTE COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTA CRUZ DO SUL

DAVI CARLOS BRUN, CLAIRTON EDINEI DOS SANTOS, JAQUELINE DE OLIVEIRA, LUCIANO LEPPER, MARIBEL JOSIMARA BRESCIANI, GREICE RAQUEL DETTENBORN, LIA GONCALVES POSSUELO

Resumo


Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é um tipo de diabetes autoimune desencadeada pelo aparecimento de anticorpos contra as células Beta do pâncreas. O tratamento medicamentoso consiste em reposição da insulina por via subcutânea. O controle dos níveis de glicemia e a dieta fazem parte do tratamento. A aplicação da medicação para o controle da DM1 geralmente é feito pelo familiar ou pelo próprio paciente quando este for capaz, com o auxílio de seringas ou canetas. Este estudo tem por objetivo reconhecer o perfil do paciente com DM1 na população amostrada e identificar quais as dificuldades no controle da doença do ponto de vista logístico e problemas relacionados à aplicação. Realizou-se estudo descritivo transversal observacional em uma unidade de saúde de Santa Cruz do Sul, RS. A população amostrada se compõe de crianças de até 13 anos, com DM1, participantes de um grupo de educação em diabetes. Realizou-se entrevista com o familiar responsável por acompanhar o tratamento do paciente. As entrevistas foram realizadas pessoalmente ou através de ligações telefônicas. Para realização do estudo foi elaborado um questionário que abrangesse variáveis como: idade, sexo, cor, religião, escolaridade, número de irmãos com diabetes mellitus, tempo de diagnóstico, doença infecciosa antecedente, tipo de insulina, número de doses e fonte de aquisição, internações por complicações da DM1, pessoa com quem aprendeu a administrar a insulina, idade de início da autoaplicação, locais de rodízio, materiais e aparelhos para controle da glicemia. Onze pacientes preencheram os critérios de inclusão e aceitaram participar do estudo. Em relação ao gênero, 6 (54,5%) eram do sexo masculino. A idade variou de 6 a 13 anos. Do total de participantes, 8 (72,7%) têm diagnóstico de DM1 há mais de 3 anos. Apenas 2 crianças (18,2%) tinham familiares com diabetes. Oito pacientes (72,7%) utilizavam insulina Glargina e 9 (81,8%) utilizavam insulina Lispro. Sete entrevistados (63,6%) retiram a insulina em farmácia pública. O abdome é o local com maior frequência de aplicação (81,8%). Dificuldades na aplicação foram referidas por 2 entrevistados; ambos citaram dor. Foram relatadas dificuldades no controle glicêmico relacionadas à alimentação e falta de tiras de hemoglucoteste (HGT). Em relação à internação, 100% dos pacientes já estiveram internados pelo menos uma vez devido a complicações da doença antes ou depois do diagnóstico. Os dados obtidos demonstram que, em geral, as crianças analisadas não têm dificuldades em realizar o tratamento, sabidamente complexo e impactante na rotina. Acredita-se que isto se deve a sua participação em grupos de educação. Processos educativos são importantes para a criança alcançar a autonomia necessária para seu autocuidado. O controle dos níveis glicêmicos é trazido como a principal dificuldade no tratamento adequado do DM1, devido à falta de fitas de HGT. A dor no local da picada é a principal reclamação orgânica quanto à dificuldade na autoaplicação, porém, torna-se tolerável no curso do tratamento. Todos os pacientes já estiveram internados antes e/ou depois do diagnóstico de DM1 devido à hiperglicemia ou hipoglicemia. Os métodos e a cobertura do rastreio na população serão implementados, de modo a minimizar o número de internações decorrentes da doença. Estes resultados também serão utilizados para aprimorar programas de assistência ao paciente com DM1.


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