PERFIL DO PACIENTE COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTA CRUZ DO SUL
Resumo
Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é um tipo de diabetes autoimune desencadeada pelo aparecimento de anticorpos contra as células Beta do pâncreas. O tratamento medicamentoso consiste em reposição da insulina por via subcutânea. O controle dos níveis de glicemia e a dieta fazem parte do tratamento. A aplicação da medicação para o controle da DM1 geralmente é feito pelo familiar ou pelo próprio paciente quando este for capaz, com o auxílio de seringas ou canetas. Este estudo tem por objetivo reconhecer o perfil do paciente com DM1 na população amostrada e identificar quais as dificuldades no controle da doença do ponto de vista logístico e problemas relacionados à aplicação. Realizou-se estudo descritivo transversal observacional em uma unidade de saúde de Santa Cruz do Sul, RS. A população amostrada se compõe de crianças de até 13 anos, com DM1, participantes de um grupo de educação em diabetes. Realizou-se entrevista com o familiar responsável por acompanhar o tratamento do paciente. As entrevistas foram realizadas pessoalmente ou através de ligações telefônicas. Para realização do estudo foi elaborado um questionário que abrangesse variáveis como: idade, sexo, cor, religião, escolaridade, número de irmãos com diabetes mellitus, tempo de diagnóstico, doença infecciosa antecedente, tipo de insulina, número de doses e fonte de aquisição, internações por complicações da DM1, pessoa com quem aprendeu a administrar a insulina, idade de início da autoaplicação, locais de rodízio, materiais e aparelhos para controle da glicemia. Onze pacientes preencheram os critérios de inclusão e aceitaram participar do estudo. Em relação ao gênero, 6 (54,5%) eram do sexo masculino. A idade variou de 6 a 13 anos. Do total de participantes, 8 (72,7%) têm diagnóstico de DM1 há mais de 3 anos. Apenas 2 crianças (18,2%) tinham familiares com diabetes. Oito pacientes (72,7%) utilizavam insulina Glargina e 9 (81,8%) utilizavam insulina Lispro. Sete entrevistados (63,6%) retiram a insulina em farmácia pública. O abdome é o local com maior frequência de aplicação (81,8%). Dificuldades na aplicação foram referidas por 2 entrevistados; ambos citaram dor. Foram relatadas dificuldades no controle glicêmico relacionadas à alimentação e falta de tiras de hemoglucoteste (HGT). Em relação à internação, 100% dos pacientes já estiveram internados pelo menos uma vez devido a complicações da doença antes ou depois do diagnóstico. Os dados obtidos demonstram que, em geral, as crianças analisadas não têm dificuldades em realizar o tratamento, sabidamente complexo e impactante na rotina. Acredita-se que isto se deve a sua participação em grupos de educação. Processos educativos são importantes para a criança alcançar a autonomia necessária para seu autocuidado. O controle dos níveis glicêmicos é trazido como a principal dificuldade no tratamento adequado do DM1, devido à falta de fitas de HGT. A dor no local da picada é a principal reclamação orgânica quanto à dificuldade na autoaplicação, porém, torna-se tolerável no curso do tratamento. Todos os pacientes já estiveram internados antes e/ou depois do diagnóstico de DM1 devido à hiperglicemia ou hipoglicemia. Os métodos e a cobertura do rastreio na população serão implementados, de modo a minimizar o número de internações decorrentes da doença. Estes resultados também serão utilizados para aprimorar programas de assistência ao paciente com DM1.
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