A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL NA CULTURA DO FUMO E O DESAFIO DE CONSCIENTIZAR ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO.
Resumo
A presente pesquisa está ligada à uma região altamente agrícola, em que os três Estados do Sul se destacam na produção e beneficiamento do tabaco, e que, através desta forte tendência, desencadeia, infelizmente, o emprego da mão-de-obra barata, ou seja, o trabalho infantil. Devido a diversos fatores, principalmente, à rentabilidade que a produção tabagista proporciona, as famílias, proprietárias de pequenas propriedades, ou mesmo que arrendam pequenas propriedades, vivem somente desta cultura, não existindo diversidade de culturas nas propriedades rurais, o que dificulta a erradicação do trabalho infantil nesta seara. Além disso, os dados comprovam que o Sul produz 95% de todo o tabaco produzido no Brasil, e deste percentual aproximadamente 80% são importados, o que gera em média 222 mil famílias empregadas. Para economia brasileira, trata-se de um bom índice, porém, neste meio, crianças e adolescentes sofrem, sendo obrigados a trabalhar nesta cultura penosa e perigosa, para auxiliar e aumentar a produção na pequena propriedade de agricultores familiares, que dependem dessa produção para sobreviverem. Esta prática, tão comum no interior das cidades, pode ser atribuída não só à necessidade de sustento da família rural, mas também ao déficit de educação nas escolas rurais, ou seja, à falta de recursos oferecidos nas escolas para crianças e adolescentes que vivem uma realidade diferente da zona urbana e que, por isso, devem receber um tratamento diferenciado do que os da zona urbana. Crianças e adolescentes da zona rural abandonam todos os dias a escola, pois não existe algo que o cative e que o faça lutar para frequentar as aulas. Quando é chegada a época de transplante de mudas e de colheita, simplesmente deixam de ir à escola, não importando se irão perder ou não o ano letivo. Sendo assim, visando o futuro destes infantes, e considerando que certamente eles farão parte do êxodo rural de jovens, que hoje é tão grande em nosso país, acarretando não só um desfalque nas lavouras que cada vez mais vêm diminuindo a produção, mas também contribuindo para expansão dos bolsões de pobreza nas cidades em que esses jovens se refugiam, como também elevando o índice de desemprego, partindo do pressuposto de que se não tiveram educação de qualidade no meio rural, sendo deslocados para atuar na lavoura, na área urbana não conseguirão emprego devido à falta de qualificação, resultando em problemas sociais graves. Com base nisso, é que se vislumbra uma Politica Pública Educacional eficaz para os jovens do meio rural, a fim de combater todos esses problemas e contribuir para a erradicação do trabalho infantil, trazendo para a escola rural práticas rurais, aliadas às matérias básicas do ensino infantil até o ensino médio, envolvendo a criança e adolescente no contexto em que está inserido, buscando que olhe para sua pequena ou média propriedade rural, e enxergue ali um futuro. A escola rural tem que estar preparada para receber estes jovens, e também seus pais, conscientizando-os de que a escola traz sim benefícios para todos integrantes da família, fazendo com que a prática vivida na escola contribua para a melhoria da produção, e não que o uso da mão-de-obra infantil faça essa diferença. Sendo assim, temos o início da solução para tantos problemas envolvidos na questão, que ao final só devem fazer com que o artigo 227 da nossa Carta Magna seja efetivamente cumprido.
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