A RELAÇÃO ENTRE USO DE PSICOFÁRMACOS E O PROCESSO DE PSICOTERAPIA COM IDOSOS

JERTO CARDOSO DA SILVA, LISIA MANICA HERZOG

Resumo


O presente artigo se propõe a averiguar a relação entre o uso de psicofármacos e o processo psicoterápico de idosos atendidos em um serviço-escola no Vale do Rio Pardo/RS, durante o período de 1997 a 2011. Trata-se de uma pesquisa documental, baseada em uma abordagem quantitativa, descritiva e correlacional, desenvolvida a partir da análise de prontuários dos usuários com idade a partir de 60 anos. A pesquisa faz parte de um projeto mais amplo que abrange pesquisas similares em todas as outras faixas etárias. A pesquisa mostra que a maior procura pelo tratamento se dá entre as mulheres e que o principal motivo de procura pelo tratamento está relacionada à tristeza/pessimismo. Revela um número expressivo de medicação psicotrópica entre os idosos pesquisados, inclusive com a utilização de mais de um psicofármaco por uma mesma pessoa, o que reforça os estudos que apontam o aumento da medicação psicofarmacológica na sociedade. Ao longo da pesquisa, desenvolvida durante o Estágio em Psicologia, observou-se quais os sofrimentos mais frequentes que acometem esta faixa etária; os diagnósticos e sintomas mais recorrentes; a medicação mais utilizada; quanto tempo permanecem no Serviço; e a relação entre a utilização de medicamentos e a incidência de alta. Na prática de estágio junto ao serviço, observou-se o quanto a medicação psicofarmacológica vem avançando e atingindo todas as idades, gerando questionamentos sobre sua eficácia, se pode ou não potencializar uma vida mais saudável. Ao longo do texto, a palavra medicação está sendo usada para indicar a utilização ou prescrição do medicamento independente da necessidade ou não do produto. O termo medicalização está sendo utilizado num sentido mais genérico, de acordo com a concepção de Amarante, 2007, para indicar a utilização de medicamentos para responder à situação que é entendida como patológica, geralmente consequência de um processo que diz respeito à apropriação, por parte da medicina, de tudo aquilo que não é da ordem exclusivamente médica, como questões culturais, sociais, políticas. A pesquisa não contou com nenhum financiamento e foi conduzida dentro dos padrões éticos exigidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa/Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde (CONEP/CNS/MS), de acordo com a Resolução CONEP nº 196/96, tendo sido aprovada pelo Parecer Consubstanciado do CEP, nº 111.469. A amostra consiste em 73 sujeitos, a partir de 60 anos, sendo 12 homens e 61 mulheres, que receberam atendimento pelos estagiários do Curso de Psicologia e já foram desligados, por alta ou desistência. O critério de definição de idade pauta-se na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento, também adotada pelo Ministério da Saúde, que considera idosos aqueles indivíduos com 60 anos ou mais de idade. Os dados foram coletados a partir dos prontuários arquivados. Utilizamos protocolo de pesquisa: questionário estruturado composto por 19 perguntas, com as seguintes informações: ano de atendimento, sexo, idade, escolaridade, encaminhamento ao serviço, diagnóstico, sintoma, uso ou não de medicação, uso antes ou após o atendimento, início do uso, tipo de medicação, tempo de uso, evolução da medicação, tempo de acompanhamento psicoterápico no Serviço, evolução da psicoterapia, evolução do tratamento. Os prontuários estão disponibilizados para pesquisa assim como o consentimento livre e esclarecido dado pelo paciente quando inicializa o atendimento.


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