LÍNGUA PORTUGUESA: UM DESAFIO PARA ALUNOS SURDOS

EDILAINE DORNELLES ROSA, FLAVIO LUIZ WINK JUNIOR, ANGELA COGO FRONCKOWIAK

Resumo


Por intermédio do PIBID/UNISC, tivemos a possibilidade de ensinar Língua Portuguesa (LP) para alunos surdos e, a partir dessa experiência, vamos refletir um pouco sobre o assunto em questão. O ensino de Língua Portuguesa para alunos surdos pode ser algo complexo, pois o modo de elaborar os planejamentos é muito diferenciado do realizado para os ouvintes. Isso foi algo que dificultou um pouco o nosso trabalho, visto que ainda não tínhamos tido contato com esse público. Os educadores da escola em que estávamos atuando nos falaram sobre como o trabalho com os alunos surdos era feito e, a partir daí, fomos nos ambientando àquela realidade. Quando entramos em sala de aula, pudemos perceber que estávamos nos deparando com um novo desafio. O público que encontramos em sala de aula era composto por alunos de 7ªs 8ªs e 3º ano do ensino médio. O fato de a turma ser multisseriada foi um bom auxílio na dinâmica pedagógica, pois os alunos com um conhecimento maior em LP auxiliavam os demais. As atividades que realizamos tinham e ainda tem um forte apelo visual e lúdico, pois todos os professores de alunos surdos com os quais tivemos contato nos disseram que o aprendizado de LP é sofrido para os educandos. Em libras, os alunos expressam bem suas histórias, mas o difícil é transformá-las em palavras, já que os vocabulários dos discentes são limitados. Cremos que a falta de motivação, de êxito, de contextualização dos conteúdos e a cobrança de resultados positivos (notas ou conceitos) podem ter sido dificultadores na aprendizagem de LP. Como em nossas oficinas não cobramos resultados, podemos perceber avanços significativos. Nos utilizamos, em muitos momentos, de imagens para influenciar o imaginário, antes de solicitar aos alunos uma produção de texto em sua forma escrita. Nos primeiros encontros, o foco era a descrição e adjetivação de imagens para que eles adquirissem vocabulário e assim produzissem textos. A utilização de imagens é frequente em nossas oficinas, pois sabemos que a interação do surdo com o mundo é visual. Necessitamos contextualizar a aprendizagem dos educandos, para o aprendizado linguístico obter mais resultados, pois LIBRAS e LP possuem sistemas distintos que acabam por dificultar as conexões de uma língua a outra. Alguns exemplos são a utilização dos verbos de ligação, de preposições, de artigos e o uso de masculino e feminino, os quais os educandos possuem dificuldade de empregar na escrita. O conhecimento dos discentes, em geral, é muito precário, desde o vocabulário à construções frasais, porém nesse curto período notamos avanços consideráveis nas produções deles. Concluímos que o ensino de Língua Portuguesa para surdos é desafiador e para ele ser feito de modo eficaz um dos caminhos é o educador ter sensibilidade e paciência para adentrar na cultura surda. Ensinar LP não é simplesmente sobrecarregar os alunos com atividades, mas preocupar-se com o tempo que ele precisa para elaborar e entender o que foi solicitado. E isso não é exclusividade dos alunos surdos.


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