EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA

OLGARIO PAULO VOGT, LEONARDO LUIZ LIMA GOES

Resumo


A presente comunicação é resultante da experiência adquirida no Estágio Supervisionado em História IV, realizado durante o segundo semestre de 2012, e desenvolvido junto a Escola Técnica Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC), fundada em 2009, seguindo a metodologia de Paulo Freire, entendendo que a pesquisa faz parte da prática docente. A partir de entrevistas semiestruturadas, buscamos compreender a Pedagogia da Alternância, que é a matriz teórica da EFASC, além de todas as características que a diferenciam das outras escolas da região. Esta pedagogia, criada na década de 1930 na França, está sustentada a partir de quatro pilares: Associação Local, Alternância (Meios), Formação Integral e Desenvolvimento do Meio (objetivos/finalidades), sendo que nenhum se sobressai ao outro e todos têm vital importância. Por sua vez, esses pilares funcionam a partir de instrumentos pedagógicos como: o Plano de Estudos; a Colocação em Comum; o Caderno de Acompanhamento; a Tutoria; o Caderno de Realidade e a Visita as Famílias; entre outros. Tudo isso proporciona aos jovens uma educação contextualizada com a realidade dos estudantes. Os jovens que frequentam o educandário são, na sua maioria, filhos de agricultores e morar no interior é um requisito básico para o ingresso na escola. Os alunos vêm de 13 municípios do Vale do Rio Pardo (VRP): Santa cruz do Sul, Vera Cruz, Passo do Sobrado, Venâncio Aires, Rio Pardo, General Câmara, Vale do Sol, Boqueirão do Leão, Sinimbu, Gramado Xavier, Herveiras, e Vale Verde. Esses alunos vieram de um Ensino Fundamental descontextualizado do seu meio, estudando as mesmas coisas que um jovem da cidade, embora vivam em um meio onde a monocultura do tabaco é predominante e se constitui na principal fonte de renda de suas famílias. Isto causa um grande desinteresse pelas matérias escolares, pois os alunos não veem a aplicabilidade prática daquilo que estão aprendendo na sua vida, causando, assim, o desinteresse ou a desistência da escola por parte do jovem para poder ficar no campo ou o êxodo rural, drama que vem assolando o interior do Rio Grande do Sul. Para tentar reverter este quadro, a escola funciona em alternância, ou seja, o aluno passa uma semana em casa com a família e uma semana em internato na escola. As aulas são baseadas nas pesquisas que os alunos realizam quando estão na sessão familiar e estão distribuídas pelas seguintes áreas do conhecimento: Ciências Humanas e Sociais, Linguagens, Gestão e Projeto, Produção Animal, Produção Vegetal e Engenharias, que contempla Matemática, Química e Física. Ao final dos quatro meses de estágio, percebemos que uma educação contextualizada com o meio dos estudantes faz diferença; a relação entre professor/monitor e aluno é fundamental para o desenvolvimento da formação integral e que uma escola fora dos padrões tradicionais é possível e viável.


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