CULTURA DE PAZ E O CONTROLE DA AGRESSIVIDADE

VANESSA NICOLAY CARDOSO, SUSANA TEREZINHA MAS

Resumo


Em 1999 tiveram início na Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, as ações do Projeto de Extensão Educação para a Paz que, em conjunto com outras instituições, trabalha com educadores na reflexão e troca de experiências sobre as complexas questões que sustentam a educação para a paz. Esse trabalho com os educadores tem se desenvolvido através dos Círculos de Cultura de Paz, metodologia sustentada pela relação dialógica que promove o conhecimento compartilhado. Como objetivos, o projeto busca contribuir para a resolução não violenta de conflitos e multiplicar o número de educadores comprometidos com a educação para a paz. Por essa razão, são desenvolvidas ações como palestras, oficinas pedagógicas, cursos e caminhadas que enfatizam a necessidade de que as relações interpessoais sejam estabelecidas dentro de princípios éticos. Em todos os eventos realizados com os educadores busca-se refletir sobre o fato de que a paz e a violência são construções culturais, não são naturais e, portanto, essas noções podem ser ensinadas e aprendidas. Também busca-se refletir sobre a questão de que o conflito, numa perspectiva propositiva, não é necessariamente algo negativo e que mereça ser combatido. O conflito, como nos diz Jares (2002), é inevitável e necessário para o desenvolvimento individual e social, e a sua resolução deve ser justa e não violenta. Aprender a resolver os conflitos de forma pacífica é um dos fundamentos da educação para a paz e essa prática exige que se aprenda a lidar com a agressividade. A agressividade não é somente agressão, como estamos acostumados a pensar através do senso comum. A agressividade está inserida na natureza humana e ela não se opõe à paz. Agressividade é o contrário de passividade e conformidade, porém, comportamentos destrutivos podem conter agressividade e se transformarem em agressão. A sociedade, a cultura, a educação e o trabalho são fatores que podem interferir nas atitudes violentas e não violentas do ser humano. A violência pode ser considerada um grau extremo da conduta agressiva com fins destrutivos de uma pessoa. Como educadores, é importante pensarmos em atitudes e ações que nos possibilitem trabalhar a agressividade de uma maneira positiva e construtiva. Maria Tereza Maldonado (2004) propõe algumas habilidades para se trabalhar a agressividade: ouvir com atenção e sensibilidade, para assim desenvolver sentimentos de compaixão, compreensão e solidariedade; aprender a se expressar sem ofender os demais; demonstrar contrariedade ao problema apresentado e não à pessoa que o apresenta; conviver respeitosamente com as diferenças. Aprender a ouvir o outro e a se manifestar são passos muito importantes para podermos trabalhar e viver de uma maneira aberta e pacífica. Quanto mais dialogarmos e vivermos com pessoas diferentes de uma maneira respeitosa e pacífica, maior será a nossa construção de conhecimentos a respeito de um assunto, e é isso que nos faz mais humanos, argumentativos e conscientes de nossas ações na vida em sociedade. Com a prática desses princípios da educação para a paz, estaremos promovendo a construção da cultura de paz nas comunidades escolares.


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