ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO

ANA CAROLINA SIMOES FRUET, SILVIA VIRGINIA COUTINHO AREOSA

Resumo


A ASAN, Associação de Auxílio aos Necessitados, de Santa Cruz do Sul, foi fundada em 1948, tendo como público alvo idosos carentes em situação de vulnerabilidade ou risco. Atualmente, possui cerca de 90 internos, onde a maioria apresenta limitações físicas sérias, alguns com quadro de dependência química e doença mental. A instituição fornece seis refeições diárias, enfermagem, acompanhamento nutricional, dormitórios, medicamentos e supre as demais necessidades de atendimento aos internos. O Estatuto do Idoso classifica a ASAN como uma I.L.P.I, Instituição de Longa Permanência para Idosos, recebe idosos acima de 60 anos, abaixo dessa idade somente com amparo ou medida de proteção encaminhada via judicial. A entidade é totalmente mantida por doações e por parte dos proventos de aposentadoria e pensão dos residentes. Uma instituição com bela causa social, porém, com baixa visibilidade. O presente trabalho realizado nesta entidade teve incialmente como objetivo, promover uma escuta desses idosos seguida de um questionário, denominado como diagnóstico, a fim de obter melhores entendimentos da situação vivida pelos idosos nesta entidade. Através desse diagnóstico, elaboramos estratégias de intervenções junto a esses idosos visando o seu bem estar. A realização deste trabalho deu-se a partir de uma pesquisa qualitativa com uso de um diagnóstico e pesquisas em prontuários. Participaram do diagnóstico até o presente momento 26 idosos (10 idosos do sexo masculino e 16 do sexo feminino) com idades variáveis de 56 a 100 anos. O diagnóstico foi composto inicialmente por uma coleta de dados, seguido de perguntas em relação ao que os idosos gostariam que fosse diferente no seu dia a dia e que tipo de intervenções gostariam que ocorressem no local. Ao final de cada diagnóstico, aplicado individualmente, foi pesquisado o prontuário do idoso para confirmação de dados e esclarecimentos quanto ao contato do idoso com sua família. Com os resultados parciais, separados em categorias do diagnóstico, como: trabalho, relacionamento e serviço social, constata-se como relevante na maioria dos relatos o autoconceito que os idosos têm de si próprios, caracterizado pela inutilidade que sentem ao irem para instituição, pois o passatempo e/ou lazer da maioria era o trabalho, exemplificado no seguinte relato: "Se não tem trabalho, a gente não tem saúde" (sic). Referente à categoria de relacionamento os idosos, em sua maioria, trazem ideias de rodas de chimarrão para uma melhor integração no asilo, pois os conflitos relatados referem-se à dificuldades nas relações interpessoais. Quanto à última categoria referente ao serviço social, há muitos relatos de tristeza e espera da visita de algum ente querido, ressaltando a questão da fantasia realizada pela maioria, buscando o passado numa necessidade de gratificação imediata. Ainda aparecem relatos solicitando uma melhor intervenção quanto à assistência médica. Salienta-se o fato de que o respectivo aumento da população idosa deve contar com políticas sociais que disponibilizam condições para a mesma desfrutar de uma vida com dignidade, e apoio tanto dos familiares quanto dos amigos para um maior êxito no processo do envelhecimento. A institucionalização é vista pelo idoso como uma forma de abandono ou como um ambiente adequado para melhor viver esta etapa de sua vida. Estas duas posições antagônicas refletem a forma como o idoso encara e como foi o seu processo de internação na ILP.


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