IMPACTO DA APLICAÇÃO DE UM GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA SOBRE OS ANTIBIÓTICOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Resumo
A Organização Mundial da Saúde mostra que 50% dos antibióticos são prescritos inadequadamente. No Brasil, esse consumo de antibióticos chega a 40% dos medicamentos comercializados. Em 2008, foi movimentado cerca de R$ 760 milhões; e, em 2009, foi em torno de R$ 1,6 bilhão, com mais de 70 milhões de unidades comercializadas, segundo relatório do Institute for Healthcare Informatics (IMS Health). O consumo inconveniente deste tipo de fármaco é um dos fatores que leva à resistência bacteriana, reações adversas e interações com fármacos e nutrientes. As infecções nosocomiais são infecções diagnosticadas depois de 48 horas de internação hospitalar. No Brasil, de 3 a 15% dos pacientes adquirem a infecção hospitalar durante o tempo de internação. Cresce cada vez mais a disseminação de bactérias resistentes no âmbito hospitalar, principalmente nas unidades de terapia intensiva (UTIs), aumentando assim a taxa de mortalidade e morbidade, então, para os médicos de UTI é fundamental o controle da resistência bacteriana. Nos hospitais, quem controla o uso dos antibióticos são as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, desenvolvendo processos no controle de antimicrobianos, visando a uma melhor prevenção das infecções. Este estudo tem como objetivo analisar se houve melhora no quadro clínico dos pacientes após a aplicação de um guia e cuidados farmacêuticos sobre os antibióticos. Foi realizado um estudo clínico com controle histórico, no período de janeiro a maio de 2014, em pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que fizeram o uso de antimicrobianos, foram coletados os dados através dos prontuários em janeiro/fevereiro, construção do guia em março e aplicação em abril/maio de 2014, seguido de mais uma coleta dos dados dos prontuários. Participaram do estudo 80 pacientes internados na Unidade de Tratamento Intensiva. No primeiro período foram analisados 41 pacientes internados, destes, 24053,66% (n=22) usaram antibióticos e, no segundo, foram analisados 39 internações, destes pacientes, 64,1% (n=25) fez antibioticoterapia. Não teve melhora do quadro clínico devido à resistência médica que foi 28,57% (n=2), porque justamente esses médicos eram os que faziam as prescrições, 58,82% dos pacientes fizeram o uso de mais de 3 antibióticos durante a internação, essa alta frequência da troca leva240à resistência bacteriana. Foi observado que 98,75% dos pacientes faziam o uso de mais de 7 medicamentos e, conforme o número de medicamentos aumentava, era proporcional as interações e os efeitos adversos nos pacientes. O tempo de internação antes da aplicação do guia alertando sobre as interações dos antibióticos era de 6,04±2,42 dias e após foi 6,08±2,73 dias, então foi constatado que não houve diferença no tempo de internação dos pacientes entre os dois períodos, porém, os resultados devem ser avaliados com muita cautela, pois são períodos diferentes e muitas variáveis que podem causar erro na interpretação dos dados.240O sucesso do tratamento em infecções bacterianas depende da avaliação, do trabalho de integração da equipe multidisciplinar fazendo diagnóstico adequado, confirmando o agente etiológico, sensibilidade ao antibiótico, perfil farmacocinético, esquema posológico adequado com a dose, intervalos e tempo de tratamento definidos.240A aplicação de guias e protocolos só se torna efetiva com a adesão de toda equipe, de nada adianta se fazer guias e criar protocolos se os profissionais da área não se envolvem.
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