CONSTRUINDO E DESCONSTRUINDO AS ATIVIDADES PSICOLÓGICAS DESENVOLVIDAS EM UM SERVIÇO-ESCOLA ATRAVÉS DA ANÁLISE INSTITUCIONAL: O PLANTÃO PSICOLÓGICO.

MIGUEL ANGEL LIELLO, ROSMERI MARIA PIRES SCHERER, CAROLINE LAU KOCH

Resumo


Introdução: A instituição é uma trama social que une e atravessa os sujeitos, os quais, por meio de suas práticas, mantêm as ditas instituições e criam outras novas. No entanto, instituição não é apenas um objeto ou uma regra visível na relação social, há uma face escondida. A análise institucional trabalhará com essa face escondida, buscando revelá-la. Objetivo: o objetivo deste trabalho é de elucidar o não dito a respeito da prática de plantão psicológico. Esta atividade é desenvolvida pelos estagiários de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) no Serviço Integrado de Saúde-SIS, serviço-escola desta Universidade. Com esse trabalho busca-se também oportunizar o falar sobre esta prática na tentativa de melhorá-la tanto para os estagiários de Psicologia como também para as outras áreas de saber que integram o serviço e os usuários.240Metodologia: como metodologia utilizou-se da observação do local, entrevista aberta com os coordenadores da Enfermagem, Nutrição e Medicina que atuam no serviço e também de uma conversa, em reunião, com os estagiários de Psicologia. Optou-se por estas formas de coleta de dados, pois elas possibilitam conhecer melhor a percepção das outras áreas a respeito do plantão psicológico. O contato com os estagiários, por sua vez, foi realizado procurando-se entender a percepção deles sobre a atividade desenvolvida. Os dados foram analisados segundo o aporte teórico da análise institucional.240Resultados:240Após realizar os contatos já descritos, pode-se perceber que entre os saberes que integram o serviço-escola, a prática de plantão psicológico é vista como uma atividade que proporciona a eles um amparo quando se deparam com situações que acreditam não estarem capacitados a lidar, ainda se percebeu que eles se angustiam diante de pacientes mais agitados, nervosos e até mesmo chorosos e encaminham logo para a psicologia, pois há o entendimento que é este o profissional que tem mais tempo para escutar. Já na percepção dos estagiários de Psicologia, a respeito do plantão psicológico, perpassam dúvidas e desconhecimentos sobre a atividade. Há também sentimentos de angustia e mal-estar em realizar a atividade, devido a fantasias que são cultivadas e transmitidas sobre a prática. O medo de não saber com que situação irá se deparar no atendimento do plantão e que conduta realizar também surgiu durante a conversa. Houve sugestões de estratégias para melhorar o desenvolvimento da atividade, entre elas destacam-se a presença de um profissional de referência no serviço para auxiliar nas decisões a serem tomadas e a mudança de nome desta atividade, pois, segundo os estagiários, a palavra plantão psicológico carrega a ideia de 223urgência/emergência224 o que, em primeiro momento, pode assustar e reforçar fantasias sobre a prática. Conclusão: este trabalho proporcionou uma importante discussão acerca da atividade desenvolvida. A partir dele foi possível trabalhar questões que causavam mal-estar nos estagiários e que não surgiam em reuniões, atendimentos ou momentos formais. Possibilitou também a aproximação das áreas de saberes como suporte mútuo para a realização do trabalho e reforçou em cada sujeito a corresponsabilidade que exerce no serviço que está atuando.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.