ANÁLISE DA DIFICULDADE NA COMUNICAÇÃO DE PACIENTES SURDOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA, NA CIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL/ RIO GRANDE DO SUL

LAYANA HECK, PRISCILA FERREIRA CORTEZ, SANDRA LUIZA KNIPHOFF DA SILVA, ANGELA CRISTINA FERREIRA DA SILVA

Resumo


Introdução: A deficiência auditiva (congênita ou adquirida) consiste na diminuição da capacidade de percepção normal dos sons. É considerado com deficiência auditiva o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum. A inclusão social referente às pessoas com deficiência nos serviços de saúde se estabelece a partir da qualidade do atendimento prestado de modo integral e integrado às situações individuais e coletivas. Um dos fatores importantes para que esse processo ocorra é a comunicação e a interatividade, pois viabilizam a articulação e materialização do atendimento humanizado. Deste modo, a comunicação com os Pacientes com Deficiência Auditiva (PcDA) surge como um desafio aos profissionais que lhes prestam assistência à saúde. Objetivo: Analisar o grau de dificuldade da comunicação de pacientes com deficiência auditiva, em diversos âmbitos, através da visão deles próprios, de sua da família e da equipe da Estratégia da Saúde da Família (ESF). Metodologia: Consiste em um estudo descritivo transversal com coleta de dados, a partir de um questionário específico de características qualitativa e quantitativa. Os questionários foram aplicados aos PcDA, cadastrados na ESF de um bairro da cidade de Santa Cruz do Sul/RS. Aplicou-se a escala de Likert, a qual apresenta 5 níveis, sendo zero nenhuma dificuldade e 10 dificuldade completa. Principais resultados: Observou-se que os PcDA classificaram sua dificuldade de comunicação de acordo com escala utilizada e obteve-se os seguintes achados: a) dificuldade de comunicação com a equipe da ESF: quando sozinhos em atendimentos grau 5,4 e quando acompanhados de algum familiar, em grau 2,5; b) quando questionados sobre o grau de dificuldade de compreensão que as pessoas têm ao se comunicarem com eles, os PcDA avaliaram como grau 5,4 quando estão sozinhos e 2,5 quando estão acompanhados de familiares; c) quando a equipe da ESF foi questionada sobre a sua percepção do grau de dificuldade de compreensão dos PcDA durante os atendimentos, foi de grau 5,8 quando sozinhos e 2,5 quando acompanhados de familiares; d) a equipe avaliou, também, seu grau de dificuldade em se comunicar com os PcDA em 5 quando sozinhos e 2,5 quando acompanhados. Conclusão: De acordo com os resultados, observa-se que tanto a equipe quanto os PcDA consideram que a comunicação é significativamente melhor com a presença de um familiar, independente do âmbito social, e que quando desacompanhados, a comunicação do PcDA com a equipe de saúde é tão deficitária quanto com desconhecidos não falantes da linguagem dos sinais, o que demonstra quão despreparada é a equipe de saúde para este tipo de atendimento. Assim, este estudo na ESF aponta que há necessidade de capacitações/educação permanente para qualificar os profissionais da rede e aprimorar a comunicação e a acessibilidade aos surdos no âmbito da saúde. E, desta forma, ser capaz de desenvolver um atendimento mais qualificado e humanizado, o qual permite consultas individuais e, assim, prioriza a privacidade do paciente. Ao final da análise dos resultados, o estudo deu subsídio para a criação de um projeto com elaboração de um dicionário bilíngue ilustrado, de português e LIBRAS e a organização de oficinas de aprendizagem de LIBRAS para os familiares dos PcDA e profissionais da ESF estudada.


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