SEXUALIDADE E SOFRIMENTO PSÍQUICO: IMPLICAÇÕES DO CORPO-EQUIPE DE UM CAPS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
Introdução: As manifestações da sexualidade são aceitas para a população em geral, mas quando se fala em portadores de transtorno mental, deficiência mental, deficiência física, ou seja, algum sofrimento psíquico severo, estas encontram resistências. Com a implantação dos CAPS, a partir da Reforma Psiquiátrica e do paradigma da desinstitucionalização, é proposta uma nova reflexão acerca do cuidado aos pacientes com transtornos mentais severos, enquanto sujeitos de direito à cidadania, dentre os quais se inclui o exercício da sexualidade. Objetivos: Identificar e analisar as percepções sobre a sexualidade de portadores de sofrimento psíquico severo e persistente por profissionais da saúde mental de um CAPS do interior do Rio Grande do Sul, buscando, com isso, investigar se esses profissionais compartilham de uma visão tecnicista e fragmentada dos usuários ou se, pelo contrário, existe um olhar mais humanizado. É importante destacar que a percepção que o profissional possui norteia a sua prática profissional e consequentemente influencia na maneira de lidar com esse sujeito, favorecendo ou não a sua reabilitação. Metodologia: Para atender aos objetivos desta pesquisa combinamos três encontros em dias alternados conforme disponibilidade do CAPS para realização de grupos focais. Os encontros realizados foram previamente agendados e aconteceram durante os horários de reuniões de equipe com os quinze trabalhadores que concordaram em participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para análise qualitativa dos grupos focais utilizamos a técnica de análise de conteúdo segundo Bardin (2002), trabalhando com grandes categorias de análise. Resultados: A partir da análise das transcrições das falas e temas surgidos durante os três encontros dos grupos focais, foram elaboradas quatro categorias principais, sendo que, em uma delas, estão presentes duas subcategorias para maior reflexão e problematização acerca do conteúdo exposto. Conclusões: Ao final desta pesquisa, percebemos, ao longo das falas, que este é um lugar de produção de saúde, de produção de cidadania, de luta por direitos e de reinserção social, assim como é também lugar de dúvidas, de preconceitos, de inseguranças e de muitos questionamentos. Um corpo-equipe que exprime um retrato bastante real de um corpo-social. É através das trocas e dos relatos de experiências, ou seja, através da Educação Permanente que a equipe se tornara mais coesa, e isso, é o que vai dar o tom quando for necessária alguma intervenção em um campo tão subjetivo como a sexualidade.
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