A LEITURA E A ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

FLAVIO LUIZ WINK JUNIOR, SABRINY LOPES DOS ANJOS, ANGELA COGO FRONCKOWIAK, ELEMAR GHISLENI

Resumo


Por intermédio do projeto Letras Português do PIBID/UNISC, temos a oportunidade de ensinar Língua Portuguesa (LP), em oficinas, no turno inverso ao das aulas, para alunos surdos e, a partir dessa experiência, teceremos alguns comentários. O público alvo são discentes de 8as séries da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário. As atividades necessitam de um forte apelo visual, pois o contato do surdo com o mundo ocorre dessa forma, o que nos faz repensar as aulas de Língua Portuguesa para atingir esse público. O foco principal de um dos planejamentos, ocorrido de março a maio de 2014, foram atividades que abordaram a adjetivação, porque acreditamos que constitua um importante diferencial na escrita, enfoque imprescindível para a inserção dos surdos no mundo letrado. Realizamos dinâmicas que envolviam a escrita de maneiras diversificadas, através de textos descritivos, criação de frases, textos ilustrados, caracterização de si mesmo, dos colegas e de animais etc. Dentre elas, destacamos as lúdicas, que obtiveram resultados significantes. 240Em uma delas, um aluno ia ao quadro e escrevia características de um colega, enquanto os outros deveriam identificar quem era o caracterizado. Quem acertava, recebia um prêmio. Nessa oficina, pudemos perceber que todos se empenharam na identificação e que também se divertiram bastante. Outra dinâmica significante ocorreu quando distribuímos imagens de animais e pequenos pedaços de papel com características que podiam ou não lhes ser atribuídas, cabendo aos educandos identificá-las. Alguns alunos, por iniciativa própria, criaram frases com os adjetivos após terminarem a atividade anterior. Além da dinâmica de produção textual, líamos, com o auxílio da intérprete de Libras, textos curtos de diferentes gêneros ao início de cada oficina, por acreditarmos que a leitura é um dos caminhos para o acréscimo de vocabulário. A maioria dos estudantes conhece poucos vocábulos e isso gera muitos questionamentos, como consequência, nossas atividades são mais vagarosas, já que recebemos em torno de dez alunos por oficina. No entanto, consideramos esse um processo importante e que precisa ser realizado. Alguns discentes possuem resquícios de audição e por esse motivo apresentam mais facilidade na leitura. Como possuem contato com as duas modalidades da língua, oral e escrita, em alguns momentos, auxiliam os outros estudantes. Muitos surdos possuem dificuldades na produção de textos mais extensos e, por isso, resolvemos utilizar imagens ou ilustrações dos próprios alunos para influenciar o imaginário e assim motivá-los à produção (em alguns momentos, os educandos desenharam antes de escrever). O ensino de LP como segunda língua para surdos é muito desafiador, já que Libras e Língua Portuguesa possuem sistemas distintos e acabam se tornando conflitantes em alguns aspectos, o que nos leva a acreditar na necessidade da realização de um trabalho mais paciente, que conceda mais tempo ao aluno, para que este possa memorizar as palavras e contextualizá-las em seus diversos usos.


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