DOENÇAS DO SISTEMA REPRODUTOR RELACIONADAS AO TRABALHO: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG, JULIANA DA SILVA CARPES, REGINA ELISA SCHMITZ

Resumo


Há muitos anos, o ambiente de trabalho é reconhecido como um local que pode oferecer riscos à saúde do trabalhador. Embora haja numerosas evidências experimentais e clínicas que indicam ser a função reprodutiva vulnerável a fatores ambientais, as relações das doenças da reprodução com o trabalho não são, via de regra, oficialmente reconhecidas. A presente pesquisa, um estudo do tipo bibliográfico, tem como objetivo investigar a relação entre a exposição a agentes físicos e químicos no trabalho e as alterações no sistema reprodutivo. Os efeitos adversos da ocupação acerca da reprodução têm sido observados e registrados desde meados do século passado e as evidências epidemiológicas de que ambientes e condições de trabalho podem produzir efeitos adversos sobre a reprodução já datam de mais de um século. Assim, relatos do século passado já documentam abortamentos espontâneos em mulheres de homens expostos ao chumbo, bem como outros efeitos nas concepções destes casais. Exposições tóxicas podem reduzir a fertilidade e prejudicar espermatozoides ou óvulos, provocando abortos, se um embrião é afetado ou se complexas interações hormonais são bloqueadas e, durante a gravidez, tais exposições podem causar malformação ou morte do feto. Atribuem-se a algumas exposições problemas neuropsiquiátricos ou cânceres descobertos mais tarde, na infância, que podem levar a problemas de saúde que não são detectados antes da idade adulta. Na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, o Ministério da Saúde do Brasil reconhece apenas a associação da Infertilidade Masculina à exposição ocupacional a três agentes químicos e dois agentes físicos, e associações de exposições ocupacionais com Infertilidade Feminina, com alterações morfológicas e/ou funcionais que surgem na prole de trabalhadores(as) expostos(as), não são oficialmente listadas. As doenças da reprodução, como a Infertilidade masculina e feminina e Anomalias congênitas, estão diretamente relacionadas a exposições a agentes físicos, químicos e biológicos. Como principais fatores que causam alterações no sistema reprodutor masculino e feminino, podem ser citados pesticidas, como o Dibromocloropropano e o Clordecone, metais, como o chumbo, medicamentos, a exposição ao calor extremo, radiações ionizantes e agentes biológicos, os quais fazem com que ocorram diminuições sutis da capacidade reprodutiva e intercorrências no desenvolvimento do feto, podendo até ocasionar sua morte. Cabe aos profissionais da área da saúde esclarecer o trabalhador sobre os riscos ocupacionais aos quais está exposto em seu local de trabalho, de maneira clara e objetiva, enfatizando medidas de prevenção, bem como a importância do uso dos EPIs, a forma correta de utilizá-los, e explicar os resultados dos exames clínicos ou ocupacionais realizados na empresa.


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