PSICOTERAPIA SISTÊMICA NA INTERFACE COM OS PROCESSOS DE LUTO

DULCE GRASEL ZACHARIAS, MARIANA DE BRITO JIMENEZ

Resumo


Introdução: O presente trabalho é o resultado da experiência de Estágio Integrado em Psicologia III, realizado no Serviço Integrado de Saúde - SIS/UNISC. O estudo refere-se ao caso de um adolescente de 15 anos, que apresenta uma patologia progressiva conhecida como distrofia muscular de Duchenne. Tal patologia é percebida como hereditária progressiva, com herança recessiva ligada ao cromossomo X. As queixas apresentadas inicialmente referem-se ao fato de sentir-se ansioso, angustiado e impotente frente a alguns conflitos familiares. Objetivo: Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise dinâmica acerca de um caso clínico de um paciente de 15 anos, que apresenta dificuldades em aceitar sua doença e as consequências advindas dela. Vinculado à psicoterapia sistêmica, o processo terapêutico se deu a partir dos relatos do paciente, em que se identificou intenso sofrimento emocional. Para tanto, foi necessário "mergulhar" nas causas e sintomas da patologia, perpassando o histórico familiar, para, assim, buscar melhor compreensão do sofrimento vivido pelo paciente. Metodologia: À luz dos ensinamentos embasados na abordagem teórica voltada à psicoterapia sistêmica, o tema escolhido são os processos de elaboração do luto no ciclo da vida familiar, bem como as conflitivas/problemáticas trazidas para as sessões associadas a patologias progressivas. A temática permitiu debruçar sobre leituras relevantes referentes aos processos de enfrentamento quanto às perdas que ocorrem ao longo da vida, tendo em vista processos de saúde e doença ou possíveis sofrimentos que poderão suscitar no sujeito. Nessa perspectiva, escolheu-se o Estudo de Caso como método, tendo em vista a realização de um exame detalhado de uma situação em particular, que ocorreu no interior de uma unidade de saúde, situada na Universidade de Santa Cruz do Sul. Resultados e Conclusão: Tendo em vista a distrofia muscular de Duchenne, a fraqueza muscular torna-se evidente por volta dos cinco anos de idade, conforme ocorreu com o adolescente. Neste sentido, se percebe a manifestação da doença quando as crianças apresentam sintomas iniciais, tais como dificuldades de deambular, pular e correr, além de quedas frequentes. A força muscular tanto extensora do joelho quanto do quadril, não é suficiente para permitir a extensão voluntária do tronco quando o quadril levanta-se do solo. Durante a progressão da doença, surge insuficiência respiratória com dificuldade na ventilação, falta de força para tossir, ocasionando infecções respiratórias de repetição, que na maioria dos casos, levam o paciente ao óbito. Os autores estudados mencionam, ainda, que o músculo cardíaco também é afetado em praticamente todos os pacientes que sobrevivem por maior tempo, considerando que o óbito ocorre entre 18 e 25 anos por comprometimento cardíaco ou insuficiência respiratória. Nesse sentido, essa doença faz com que os membros da família sintam-se incapazes de prestar ajuda, primeiramente gerando sérias implicações no contexto familiar, o choque inicial frente ao diagnóstico, e sua negação em período variável de tempo. É particularmente difícil o manejo terapêutico do luto em famílias com perda de membros jovens, especialmente por haver um preconceito envolvendo a fragilidade do adolescente em relação à morte.


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