SER SENHOR DE SI: ANALISE DA CORRESPONSABILIDADE NAS ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA

ANA ZOE SCHILLING DA CUNHA, LUIS AUGUSTO KANITZ

Resumo


Desde o despertar de si mesmo, quando o ser humano começou a se perceber como tal, é que surgiram diversos questionamentos sobre o que se sucedia ao seu entorno e, também, dentro de si. E para o campo da saúde esta realidade não poderia ser diferente, já que os processos de saúde e doença sempre foram tema de inúmeras indagações. Desta forma, quando trabalhamos com as vontades e representações dos pacientes é que percebemos que cada pessoa terá um entendimento diferente já que o conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Deste modo, conceitualizar saúde e doença sempre dependerá da época, do lugar, da classe social. Quando analisamos historicamente as transformações dos conceitos de saúde e doença, observamos as lutas sociais para mudar a visão "procedimento centrado", no qual o foco é marcado pelo serviço de natureza hospitalar, pelos atendimentos médicos e com uma visão biologicista do processo saúde-doença, voltando-se prioritariamente para ações curativas. Assim, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) é a principal resposta que tem sido oferecida à crise do modelo assistencial, pois utiliza a filosofia do "usuário centrado", na qual se trabalha o paciente como um todo a partir de suas necessidades, uma vez que o ser humano nunca é separável de suas relações com o mundo. Outro relevante fato que é extremamente enraizado nas formas de agir em saúde é a fragmentação do conhecimento, ou, mais precisamente, o regime de especializações que, cada vez mais, abrevia o paciente a um sistema fisiológico ou até mesmo a um órgão, tornando-se ainda mais difícil para o paciente ser autônomo do seu próprio cuidado, já que ele é reduzido a uma mera víscera. Não obstante, uma complicação que advém da interação saúde e tecnologia é a artificialização do cuidado, dado que o aumento da complexidade das tecnologias diagnósticas fez surgir uma nova realidade que é o profissional de saúde como um auxiliar do exame, pois cada vez mais se escuta menos, se toca menos e se interage menos, tornando, assim, a micropolítica do trabalho vivo cada vez mais enfermiça. Desta forma, o cerne deste trabalho é pensar sobre a ideia de corresponsabilidade em saúde, ou seja, de que forma o usário se responsabiliza pela sua própria saúde e da comunidade e de que modo os profissionais de saúde promovem essa responsabilização, bem como, se responsabilizam, também, pela saúde dos seus pacientes. Os resultados parciais desta pesquisa apontam que os usuários consideram que suas responsabilidades para com a sua própria saúde são: procurar o médico, tomar a medicação adequadamente, ter hábitos alimentares saudáveis e praticar exercícios fisicos. Em relação ás enfermeiras, evidenciou-se a preocupação com as orientções, a educação para saúde e ter resultividade no seu cuidado. Finalmente, esta tarefa é um fragmento do meu trabalho de conclução de curso e vem para tentar responder às provocações que surgiram no decorrer da formação e que provocaram uma certa desestruturação. Na área da saúde vivenciam-se várias questões-chave como, por exemplo, a extrema dependência que os pacientes possuem em relação ao cuidado em saúde e como apresentam uma autonomia fragilizada, pois a vida em si está cada vez mais medicalizada e higienizada.


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