MONOPARENTALIDADE E PAPÉIS FAMILIARES: REFLEXÕES ACERCA DE UM ESTUDO DE CASO

DULCE GRASEL ZACHARIAS, VITORIA MERTEN FERNANDES

Resumo


Sabemos que a família, enquanto primeira forma de socialização dos sujeitos, cumpre papel importante na formação de suas identidades. Assim, neste trabalho, realiza-se uma análise teórica de uma dinâmica familiar monoparental - sua estruturação e possíveis desdobramentos. Para que se torne possível ilustrar isso, utiliza-se do caso de uma paciente atendida em um serviço-escola desde maio deste ano. A paciente, de 12 anos, foi trazida pelo pai para um grupo de acolhimento e, posteriormente, encaminhada para psicoterapia individual. A análise baseia-se nos encontros do grupo e em quatro sessões individuais, três tendo sido realizadas com a menina e uma com o pai. No caso em questão, o pai vive com os dois filhos, de 12 e 16 anos e a menina é deslocada para um papel materno de cuidado. A metodologia de estudo de caso foi escolhida por se caracterizar como a análise de um caso individual, buscando compreender, através da dinâmica teoria-prática, as particularidades de determinado fenômeno. A análise teórica será feita apoiando-se na abordagem Sistêmica, a fim de explicitar o que são papéis familiares e, a partir do caso, como estes se desenvolveram na monoparentalidade da família em questão. As questões suscitadas durante as sessões levaram a questionar de que forma a família da paciente se estrutura dentro de sua monoparentalidade, por acentuar-se na fala da paciente o quanto ela é deslocada para um papel de "mãe". Assim, proponho-me a explicitar o que é monoparentalidade, seus desdobramentos e de que forma a paciente encontra-se nesse sistema, aliando teoria e prática. Por último, gostaria de refletir brevemente por que ela encontra-se, dentro da dinâmica familiar, exercendo um papel que não é seu e o porquê deste papel em específico, pensando que a paciente é a única mulher da casa e que a ela são delegados papéis historicamente atribuídos a mulher, de cuidado. Leva-se em consideração, aqui, que este é um caso ainda em andamento e a discussão será feita a partir do que, até o momento da realização do trabalho, havia sido levantado em psicoterapia. É possível perceber que a forma como essa monoparentalidade se configurou na família da paciente, fez com que o modelo de família patriarcal fosse perpetuado, colocando a menina em um papel designado ao sexo feminino, de cuidado com a casa. Constata-se que a forma como a família dela se configura tem influência nas relações interpessoais, na capacidade de estabelecer vínculo e de confiar da menina, colocando-a em um papel mais maduro do que sua idade cronológica, fazendo com que a própria menina se torne mais independente. Dessa forma, pode-se perceber, na prática, o quanto a família tem papel importante na constituição dos sujeitos, desde a infância.

Palavras - chave: Alfabetização - Lúdico - Práticas docentes.


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