AS DIFERENÇAS TRANSGERACIONAIS E AS MUDANÇAS NO CICLO VITAL FAMILIAR NA FORMAÇÃO DO NOVO CASAL

DULCE GRASEL ZACHARIAS, JULIA SOUZA DE MORAES

Resumo


Introdução: Este trabalho apresenta uma análise dos modos de constituição e subjetivação do novo casal diante das diferenças transgeracionais, a partir de comportamentos e crenças herdados das famílias de origem, acompanhados pelas mudanças no ciclo vital familiar. Este irá se delinear a partir dos pressupostos teóricos da Abordagem Sistêmica, uma vez que o campo familiar atua como cenário fundamental no desenvolvimento do indivíduo, bem como nos modos como ele irá se relacionar com o mundo posteriormente, visto que, é por meio da família que são tecidas as primeiras relações pessoais. No caso que será descrito, grande parte dos conflitos individuais estão relacionados aos processos de condutas e crenças adquiridos nas famílias de origem, ocasionando uma tendência a repetir a forma de lidar com as crises e conflitos decorrentes das mudanças no ciclo vital familiar, do mesmo modo como as gerações anteriores resolveram, especialmente na formação do novo casal, perante a constituição da conjugalidade e no estabelecimento dos papéis familiares. Objetivos: O objetivo deste trabalho é analisar e estimular a compreensão acerca das capacidades de resiliência do indivíduo, tal como seus valores e comportamentos herdados das famílias de origem, além dos modos como o sujeito se organiza diante do impacto das diferenças transgeracionais, acompanhadas pelas mudanças no ciclo vital da família frente à formação do novo casal. Metodologia: Como procedimento metodológico, utilizou-se o Estudo de Caso, visto que este busca investigar, compreender e descrever acontecimentos e contextos, considerando os diferentes fatores envolvidos do fenômeno estudado. Além disso, por ser um método indutivo, desenvolve sua teoria a partir de observações empíricas com ênfase na interação entre os dados e a análise. Para isso, optou-se pela escolha do caso de uma paciente em atendimento psicoterápico individual em um Serviço-Escola desde 2014, no qual, a partir dos relatos da mesma, foi-se delineando um entendimento psicodinâmico acerca de sua história de vida. Principais resultados: Pode-se averiguar o modo como a transmissão geracional opera fortemente na formação do novo casal, uma vez que existe uma tendência na família nuclear a repetir legados de outras gerações, bem como o modo de passagem pelas etapas do ciclo de vida e a forma de lidar com as crises. Ou seja, a família nuclear atua como um subsistema emocional reagindo aos relacionamentos passados, de acordo com o modelo mítico que perpassa as gerações. No caso analisado, as diferenças familiares são a principal fonte de brigas entre o casal, de forma que suas famílias de origem são totalmente opostas, uma com fronteiras interpessoais muito rígidas, o que favorece a autonomia, mas causa um desligamento entre os membros, enquanto a outra apresenta um subsistema emaranhado, que torna seus membros dependentes e com pouca autonomia. Conclusão: Por fim, percebe-se a importância do contexto familiar no desenvolvimento humano e suas implicações na formação da identidade do sujeito, de modo que as ações e relações individuais são influenciadas e perpassam pela família.


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