AS REPRESENTAÇÕES DE MATERNIDADE E PATERNIDADE NOS FILMES INFANTIS

BETINA HILLESHEIM, ANA CAROLINA SIMOES FRUET, DRIELLI MULLER CASSEPP, RENATA DA SILVEIRA BORSTMANN, VITÓRIA MERTEN ERNANDES, YOHANNA BREUNIG

Resumo


Introdução: Na contemporaneidade, a mídia age como uma instância pedagógica, exercendo poder sobre os corpos. As representações trazidas pela mídia produzem modos de agir, pensar, compreender e viver. Sendo assim, podemos dizer que os filmes infantis são uma fonte de aprendizagem que modulam a percepção da realidade. As mensagens trazidas através dos filmes produzem modos de leitura do mundo, permitindo que se simbolize e signifique experiências. Temos observado que os filmes infantis geralmente trazem personagens principais órfãos de um ou ambos os pais, sendo frequente o aparecimento apenas do pai, com a presença ou não da madrasta. Objetivo: Averiguar as representações de maternidade e paternidade nos filmes infantis, compreendendo como estes produzem identidades e subjetividades. Metodologia: Tendo em vista que os filmes infantis não apenas acompanham as mudanças que percorrem nossa sociedade, mas também as produzem, optamos por analisar filmes contemporâneos que abordem modos de vivenciar a paternidade e a maternidade. Esta pesquisa buscou explorar o tema a partir do referencial teórico dos Estudos Culturais, fazendo o estudo e a análise de alguns filmes infantis: Procurando Nemo (2003), Encantada (2007) e Meu Malvado Favorito (2010).Os Estudos Culturais sustentaram o entendimento das questões que surgiram a partir da análise dos filmes, enfocando questões de construção de identidade e mídia. Resultados: O filme "Procurando Nemo" provocou muitas reflexões e questionamentos acerca das posições da paternidade, no mundo contemporâneo, ao mostrar um pai presente, afetivo e preocupado com seu filho. Percebemos que é preciso quebrar muitos paradigmas, a começar pela concepção e pré-conceito de que o homem deve servir mais como provedor e de que, quando assume a posição como a de Marlin, é considerado "maternal". Já em "Meu Malvado Favorito", evidenciamos a construção da identidade paterna do personagem Gru. Através da análise do filme, destacamos de que forma o personagem construiu sua maneira de ser pai, levando em consideração o quanto ele foi interpelado pelas construções sociais que o cercam. É importante salientar que os mecanismos dos quais o filme se utiliza para que o público entenda que Gru comporta-se como um pai, são todos construções sociais do que é ser pai. Enfatizamos, também, o desenvolvimento do apego em relação à Margo, Edith e Agnes e delas em relação ao personagem de Gru. É importante ressaltar este ponto, pois a identidade socialmente construída de um pai considera o apego como parte fundamental da paternidade. Por fim, em "Encantada", percebemos a transmissão de produções que a mídia acarreta às pessoas quanto às noções de madrasta tanto no passado quanto no presente. A construção de identidade, na animação analisada, ocorre por uma desconstrução, no sentido de ampliar os horizontes para que a sociedade perceba que existe outra visão de madrasta além do padrão idealizado. Assim, o filme apresentado traz a desmistificação de padrões e quebras de estereótipos quanto à concepção de madrasta "má", na possibilidade de uma outra concepção desta. Conclusão: Através das análises dos filmes infantis, percebemos que têm sido abordadas diferentes configurações familiares e formas de ser pai ou ser mãe, apesar de ainda trazerem um ideal de família. Constatamos que a maneira como esses filmes problematizam essas representações possibilita uma maior flexibilização na construção de identidades paternas e maternas.


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