"VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: UM OLHAR SOBRE A RESSIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL DA MULHER VÍTIMA DE AGRESSÃO".
Resumo
Este trabalho é resultante de vivências acadêmicas no Serviço de Reabilitação Física nível intermediário da Universidade de Santa Cruz do Sul (SRFis - UNISC), a partir do Estágio Integrado em Psicologia III. A violência doméstica deixa marcas físicas e psicológicas profundas nas pessoas. Nesse sentido, como questão inicial de discussão, pensou-se em entender como acontecem os processos de ressignificação da imagem corporal e de outras repercussões sobre as vítimas de tal violência. A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, busca combater a violência doméstica contra a mulher e a impunidade do agressor. E, no seu artigo 5º, define por "violência doméstica qualquer ação ou omissão baseada no gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico e dano moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, da família ou qualquer relação íntima de afeto na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independente de coabitação". O processo psicoterapêutico é de extrema importância, pois permite que a vítima resgate sua autoestima, seus desejos e vontades, além de poder refletir sobre seus padrões de relacionamento afetivo, e, a partir disso, tem-se a possibilidade do entendimento de que não são culpadas pelo ato violento sofrido. Assim, objetiva-se verificar como se dá o processo de ressignificação da imagem corporal das mulheres agredidas. Esta pesquisa é classificada como qualitativa, uma vez que não busca enumerar ou medir eventos e não emprega instrumental estatístico para análise dos dados. Seu foco de interesse é amplo e parte de uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos quantitativos. Dela faz parte a obtenção de dados mediante contato direto do pesquisador com a situação. A metodologia usada foi uma pesquisa documental e bibliográfica, juntamente com a escuta de pacientes em situação de violência doméstica. Pode-se perceber que as vítimas de agressão doméstica atendidas sentem-se culpadas e merecedoras dessa violência, muito em decorrência do padrão sociocultural e da falta de informações. Nesse sentido, a psicoterapia cognitiva pode contribuir de forma mais objetiva e eficaz, já que seu tipo de abordagem terapêutica atua de forma mais focal e breve. As sessões são de 12 a 16 encontros, tendo objetivos definidos e claros. Nos encontros o paciente aprende a observar e identificar pensamentos automáticos, crenças irracionais, bem como a utilização de técnicas para modificação. O tratamento às vítimas de agressão se estrutura por fases, sendo elas: investigação, avaliação da periculosidade, planejamento de segurança e controle e documentação do caso. No decorrer das sessões, elas conseguem reconhecer a existência e identificar o problema; gerar soluções alternativas; escolher uma entre as soluções alternativas; implementar a solução escolhida e avaliar sua adequação. Conclui-se que essa visão remete a uma sociedade com crenças e definições muito cristalizadas em algumas situações que fazem referência ao que é ser homem e mulher. Precisamos desmistificar tais situações e criar ambientes terapêuticos favoráveis à mudança da produção de sentidos.
Palavras-chave: Serviço de Reabilitação Física; Psicoterapia Cognitiva; Ressignificação da Imagem.
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