A ALIENAÇÃO PARENTAL, UMA INFÂNCIA SEM AFETO E UMA VIDA ADULTA DE SOFRIMENTO - UM ESTUDO DE CASO

Daiane Oliveira Pacheco, Dulce Grasel Zacharias e Daiane Oliveira Pacheco

Resumo


O presente trabalho aborda o estudo de caso realizado com uma paciente de psicoterapia do Serviço Integrado de Saúde - SIS, na Unisc. A análise apresentada foi elaborada com base nos relatos da paciente durante as sessões, que evidenciaram fatos referentes a sua vida e indicativos de uma Alienação Parental, Luto Patológico, resultando em um Transtorno Depressivo. A paciente chega ao serviço encaminhada por uma unidade de saúde, com a demanda de Depressão. Conforme Claro (1998, p. 71,72) como todos possuímos uma escala de valores e, dependendo do que for mais ou menos importante para a pessoa nessa escala de valores, caso venha a perder o que considera essencial, tal criatura poderá contrair uma depressão. Desse modo, qualquer situação de perda e luto poderá concorrer para uma depressão, dependendo da importância que o ser atribua à coisa perdida, ou ainda, à pessoa. A depressão tem como características o fato de que, embora a pessoa seja atacada por um grande entristecimento, existe a permanência das perspectivas existenciais e até mesmo de um grande esforço para o seu próprio surgimento. Durante a análise, observou-se que a paciente passou por uma importante perda, o falecimento da mãe, o que gerou um luto patológico. Walsh e McGoldrick (1998) afirmam que o choque de uma perda ou do diagnóstico de doença fatal, quando atinge uma família, faz exigências urgentes – uma nova organização deve ser estabelecida e vai se refletir na identidade, na dinâmica e nos objetivos dessa família, talvez até mesmo de forma irreversível. Quando o processo de morrer é prolongado, os recursos familiares, tanto financeiros quanto de prestação de cuidados, podem se esgotar e as necessidades dos outros membros são colocadas em suspenso. A experiência de perder um ente querido e de sentir este impacto na reorganização da vida, após a morte de uma pessoa, deve ser tratado de forma coletiva, uma vez que os efeitos atingem não só um indivíduo em específico, mas sim todo o grupo familiar. A paciente também revela uma profunda mágoa em relação ao pai, que sempre apresentou alienação parental, delegando à paciente em questão sua responsabilidade de cuidar do outro filho, que possui deficiência mental, caracterizando negligência por parte do pai e, em consequência, agravando seu sofrimento. A família de origem da paciente era repleta de situações conflitivas. De acordo com Papp (1992), a família pode ser vista como uma junção de crenças nucleares, trazidas pelos genitores, formando premissas e diretrizes na gênese de regras que guiam a criança e ou o adolescente. A família é um grupo natural que através do tempo tem desenvolvido padrões de interação. A estrutura familiar é constituída por esses padrões de interação, que por sua vez governam o funcionamento dos membros, delineando sua gama de comportamentos e facilitando sua interação (Minuchin e Fishiman, 1990). Atualmente, a paciente tem a guarda do irmão, pois seu pai nunca demonstrou afeto por nem um de seu filhos, o que aproximou ela da mãe, falecida à vinte e cinco anos, gerando na mesma um luto patológico e um quadro de Transtorno Depressivo.

Palavras-chave: Alienação Parental; Luto Patológico; Transtorno Depressivo.

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