INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA DOS CASOS DE ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA NO BRASIL
Resumo
Zika é uma doença febril causada por um flavivírus. Em 1947 o vírus foi pela primeira vez isolado e durante um longo período pouco se soube sobre ele. Entretanto, em 2015, um surto de Zika surgiu na América do Sul e Central, acarretando, devido ao número elevado de casos no Brasil, um alerta global pela Organização Mundial de Saúde. No Brasil a transmissão se dá principalmente pelo mosquito A. Aegypti. Observou-se também que concomitantemente ao aumento de casos de Zika, aumentou o número de casos de microcefalia. Sendo o Zika vírus uma doença possível durante a gravidez, tendo sido associada a defeitos de nascença como a microcefalia, é importante determinar a associação entre eles, uma vez que tal vírus tornou-se a primeira doença infecciosa importante ligada a defeitos congênitos humanos a ser descoberto em mais de meio século. Determinar a incidência e prevalência dos casos de Zika vírus em associação aos casos de microcefalia é o objetivo deste estudo. Assim, foi realizado um estudo observacional descritivo. Os dados secundários foram retirados do site do portal da saúde do Ministério da Saúde brasileiro. Observando o Zika sem sua relação com a microcefalia, percebemos que a maior incidência dos casos do vírus durante as semanas epidemiológicas analisadas foi na região Centro Oeste, com 130,2 casos e a menor foi na região Sul, com 7,5 casos, ambos por cem mil habitantes. Já a região com maior prevalência foi o Sudoeste e de menor o Sul. O estado do Mato Grosso foi o que apresentou maior incidência e Santa Catarina a menor. A partir dos dados, faz-se a constatação de alteração no padrão de ocorrência de microcefalias, apresentando um excesso no número de casos, podendo ser explicado em parte pelo aumento da sensibilidade do diagnóstico de microcefalia, pois, após o surto de Zika, o governo passou a fazer uma busca ativa por crianças que pudessem ter essa malformação. Dessa forma, cabe salientar que qualquer busca ativa de um defeito específico resultará em um incremento no número dos casos usualmente registrados. Segundo números reportados de cada semana epidemiológica desde 22/10/2015 até 23/04/2016 haviam 7.228 casos de suspeita de microcefalia. Destes, 1.198 foram confirmados como casos de microcefalia correlacionados com o Zika, excluindo outras doenças congênitas. Durante esse período as notificações dos casos variaram de no máximo 741 novos casos e no mínimo 78 novos casos semanais, com uma média de 265 casos semanais e mediana de 225 casos novos a cada semana e o desvio padrão de 172,5153. Até o momento, foram consolidadas importantes evidências no reconhecimento da relação do vírus com a microcefalia, contudo, não há como afirmar, ainda, que a presença do Zika durante a gestação provoca, inevitavelmente, o desenvolvimento de microcefalia no feto. Sabe-se que as malformações congênitas, dentre elas a microcefalia, têm etiologia complexa e multifatorial, podendo ocorrer em decorrência de processos infecciosos durante a gestação. As evidências disponíveis até o momento indicam fortemente que o vírus Zika está relacionado à ocorrência de microcefalias. Em vista disso, a partir dos dados coletados, a suspeita precoce, notificação adequada e registro oportuno de casos de microcefalia relacionados ao Zika é imprescindível para o processo de investigação, visando classificar os casos notificados (confirmar ou descartar), bem como subsidiar as ações de atenção à saúde e descrição dessa nova doença.
Palavras-chave: Zika; microcefalia; gravidez.
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