DIETA CETOGÊNICA NA INFÂNCIA

Milena Wasielewski, Luana Zuchetto, Andressa Soares, Luciano Lepper

Resumo


Dieta cetogênica (DC) é uma dieta especial que induz o organismo humano a produzir uma modificação química, resultando em cetose crônica. A DC é capaz de reverter o cérebro a formas mais primitivas do metabolismo e é por esta razão que a dieta é mais eficaz em criança, seguido de adolescentes e, em menor escala, em adultos, por ser mais difícil esse processo. Consiste em dieta hiperlipídica, hipoglicídica, normoprotéica, hipocalórica, além de limitação da oferta líquida, sendo um tratamento alternativo para epilepsias de difícil controle, quando todos os outros procedimentos, como a utilização de diversos medicamentos, são ineficazes ou causam efeitos adversos que dificultam sua utilização. Apesar de ter sua eficácia comprovada, os mecanismos de ação da DC ainda não foram bem elucidados, mas vários estudos têm sugerido que a cetose pode aumentar a estabilidade neural e os níveis de GABA – responsável pela sintonia e coordenação dos movimentos - nos terminais nervosos de forma direta ou indireta. O objetivo deste trabalho foi revisar o conhecimento disponível acerca da dieta cetogênica: mecanismo de ação, eficácia, tolerabilidade, efeitos adversos. Revisão de literatura sobre a utilização da dieta cetogênica na infância, sendo realizada pesquisa bibliográfica com base no banco de dados Scielo, com artigos dos anos 2001 a 2016. A dieta cetogênica pode ser útil no controle das crises em uma porcentagem de crianças que não tiveram suas crises controladas com medicamentos. Os outros benefícios da dieta são principalmente o de evitar os efeitos colaterais das drogas antiepilépticas como sedação ou alteração de julgamento, bem como economizar em gastos com medicamentos. A dieta deve ser iniciada após jejum de 24 a 48 horas que é monitorado enquanto a criança está hospitalizada para prevenir hipoglicemia. Similarmente para as drogas antiepilépticas, a dieta não representa cura, apenas outra modalidade de tratamento complementar para controlar as crises refratárias de difícil controle medicamentoso. As principais desvantagens são as dificuldades de adoção nos estágios iniciais da terapia, restrição da alimentação, segregação da criança da família, alimentação não palatável e uso de alimentos que podem não ser considerados como nutritivos pela família. A dieta cetogênica pode ser uma alternativa eficaz para o tratamento de epilepsia refratária na infância, no entanto, deve-se ter consciência dos potenciais efeitos adversos e detectá-los precocemente. O constante acompanhamento/monitoramento por parte de uma equipe multidisciplinar é imprescindível. A dieta impõe restrição dietética rígida, o que exige muita cooperação dos pais, e deve ser adequada aos padrões psicológicos, sociais, nutricionais e culturais da família.

Palavras-chave: Dieta Cetogênica; Infância; Epilepsia Refratária.


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