AS PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CRAS

Jemerson Madrid Dias, Mariana Soares Teixeira, Nívia Arlete Souza Duarte, Suellen Ramos, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


A partir da Constituição Federal de 1988, os direitos e os deveres da população brasileira foram reformulados de tal maneira que se iniciou o processo de responsabilização do Estado pelo provimento das necessidades básicas dos cidadãos. A partir desse contexto, há uma mudança de paradigma, pois a Assistência Social, na tentativa de se despir do manto do assistencialismo, torna-se política pública de direitos, prática que sempre esteve presente nas políticas assistenciais do país devido à herança deixada pela colonização. No entanto, ainda há certo desconhecimento acerca dessa temática e, nessa conjuntura, está a atuação do psicólogo nos serviços de assistência social, nos quais sua importância é minimizada. Cabe salientar que a formação em psicologia ainda é direcionada à área clínica em detrimento de outras esferas de atuação do psicólogo, principalmente no que se refere ao campo social. Nesse aspecto, a psicologia poderia auxiliar em grande medida, desde que voltada para o compromisso social de atuação na área. Deste modo, objetivamos, com esse trabalho, contemplar brevemente alguns aspectos das políticas públicas de assistência social a fim de trazer à vista algumas informações sobre esse campo de atuação e também sobre as práticas exercidas no CRAS (Centro de Referência em Assistência Social). Além disso, pretendemos elucidar como procede a atuação do psicólogo dentro desse contexto, tendo em vista que a área tem empregado grande parte dos profissionais da psicologia no país. Para tanto, utilizamos uma metodologia baseada em estudos teóricos e bibliográficos e informações coletadas em uma visita a um CRAS de uma cidade do Vale do Rio Pardo/RS, em que foram realizadas entrevistas semi-dirigidas com alguns dos profissionais do local, no intuito de nos aproximarmos da realidade do serviço e compararmos teoria e prática, com a pretensão de sanar as questões já levantadas. Desse modo, foi possível constatar que, apesar de haver uma grande evolução, tanto nas políticas públicas de assistência social quanto nas práticas assistenciais, há certa distância entre teoria e prática. Percebemos uma dificuldade considerável de trabalhar em rede, ponto chave das políticas públicas e sem o qual não é possível uma efetividade na garantia de direitos aos cidadãos. Além disso, a assistência social como serviço público é perpassada por outros elementos que geram obstáculos para a atuação, seja a questão político-partidária, seja a negligência com a área devido ao baixo investimento por parte do Estado brasileiro. A geração dessa lacuna entre o que prevê a política e o que é realizado efetivamente é resultado de um sistema de forças (sociais, econômicas e políticas) que privilegiam interesses político-partidários e mercadológicos em detrimento do atendimento à população e que deturpam as ações e práticas assistenciais em prol de uma rede de interesses. Somado a isso, há certo desconhecimento da atuação dos profissionais da assistência social devido a uma ótica meritocrática internalizada, que gera preconceitos com a área e dificulta a efetivação da política como direito, impedindo que ela seja aperfeiçoada para melhor atender os cidadãos e minimizar a desigualdade social, fonte de diversos problemas estruturais da sociedade brasileira.


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