A INFLUÊNCIA DOS ORIXÁS NA CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM TEREZA BATISTA, DE JORGE AMADO
Resumo
Este é um trabalho sobre a influência dos orixás na construção da personagem Tereza Batista, do romance homônimo escrito pelo autor Jorge Amado. Para a realização do estudo, foram abordados aspectos da vida e da obra do autor, conhecido no Brasil e fora dele. O autor também era um profundo conhecedor das religiões de matriz africana, pois era adepto do Candomblé, usava suas vivências para criar personagens, situações e cenários. Para a melhor compreensão acerca do universo descrito pelo autor Jorge Amado, que inclui as religiões africanas, devemos considerar a presença do negro em nosso país e como se deu sua entrada no Brasil. Dessa forma, observaremos a escravização dos negros e a tentativa de extermínio de sua religião que, aos olhos dos brancos, era pagã, compreendendo o processo de sincretização dos orixás com a finalidade de preservar a sua crença. No entanto, na obra literária Tereza Batista cansada de guerra, em que baseamos nosso trabalho, não há sincretismo ao descrever os orixás. Jorge Amado criou Tereza, a protagonista do romance Tereza Batista cansada de guerra, como uma personagem livre, comovente, indomável e determinada. Em certos momentos, ela é valente e destemida; em outros, submissa e vulnerável. Uma personagem plausível de existir fora da literatura, já que suas ações fazem dela uma personagem complexa. Percebemos Tereza como um ser dotado de personalidade, que recebe a influência de seus orixás, Iansã, dona da sua cabeça, em comunhão a Omolu. Embora os filhos de um determinado orixá não possuam laços de sangue, pode haver entre eles certas afinidades de temperamento, correspondendo de forma inata ao comportamento daquela divindade. Na obra analisada, Tereza é corajosa e impetuosa como seu orixá de cabeça Iansã; por outro lado, é observadora como Omolu. Assim, Tereza Batista apresenta os arquétipos de determinados orixás, influência esta que justifica certas atitudes tomadas por ela. As características, dos filhos de Iansã e de Omolu, no modo de agir da protagonista, se manifestavam nela antes mesmo de a própria Tereza saber quais eram os orixás que a regiam. No decorrer do enredo, ficam evidentes certas características, ações de força e liderança, comportamento típico dos filhos de Iansã, como a ferocidade com o capitão Justiniano, a coragem ao ver o amado ser humilhado pelo capitão, a liderança das prostitutas na greve do balaio fechado e o enfrentamento da epidemia da bexiga negra. Essa última ação fez com que Tereza fosse aclamada Tereza de Omolu. Quando todos fogem da epidemia e deixam a população pobre à sua própria sorte, é Tereza quem permanece na cidade e combate o surto, cuidando dos mais humildes sem esperar nada em troca. Mas é apenas na parte final da história, narrado pela Mãe Senhora, que temos a confirmação do orixá de cabeça da protagonista. Iansã se mostra a dona da cabeça, a “mãe” da protagonista. Em meio a essa consulta, descobre-se a protagonista protegida por grande parte dos orixás, incluindo Oxalá, que é o orixá maior, criador do homem e do mundo, pai de todos os demais orixás; ela, contudo, pertence a Iansã. Oxalá vinha à Terra para cuidar de Tereza, ele próprio, na figura de um velho, na forma do Oxalá velho, Oxalufã. Ao fim desse trabalho, pudemos constatar, através da descrição e das ações da protagonista, que Jorge Amado usou de seus conhecimentos para construir a personalidade de Tereza Batista, a mulher baiana, sofrida e filha de Iansã e de Omolu.
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